Bactérias que “comem” metano podem desacelerar aquecimento global, diz estudo

Pesquisadores da Universidade do Estado da Califórnia propuseram um método de remoção do metano usando um grupo de bactérias conhecidas como metanotróficas
As bactérias que comem metano podem ajudar na redução do aquecimento global
Imagem: ONU/Divulgação

O aquecimento global, uma das questões ambientais mais preocupantes da atualidade, pode encontrar uma forma de reduzir seus impactos após a descoberta de bactérias que ‘comem’ metano.

No último sábado, um grupo de pesquisadores da Universidade do Estado da Califórnia em Long Beach propuseram um método de remoção do metano. Use-se um grupo de bactérias conhecidas como metanotróficas para converter o metano de forma natural em dióxido de carbono e biomassa.

Todas as bactérias desse grupo “comem” metano, “o que remove o gás do ar e converte parte dele em células que se tornam fonte de proteína sustentável”, de acordo com a líder do estudo, a pesquisadora Mary E. Lidstrom.

O time de pesquisadores descobriu que a cepa methylotuvimicrobium buryatense 5GB1C, presente nesse grupo de bactérias, pode remover com eficiência o metano mesmo em pequenas quantidades.

O alto consumo de metano da cepa das bactérias se dá, provavelmente, pela baixa necessidade de energia e pela grande atração de metano, cinco vezes superior a qualquer outra bactéria.

Com isso, o estudo afirma que essas bactérias podem ser a chave para desenvolver uma tecnologia mais avançada para a remoção de metano em locais de emissão do gás.

Normalmente, esse grupo de bactérias prospera em ambientes com altos níveis de metano, entre 5 mil e 10 mil partes por milhão, (ppm). A concentração normal em nossa atmosfera tem níveis muito menores, aproximadamente 1,9 ppm de metano.

No entanto, algumas áreas, como aterros sanitários, campos de arroz e poços de petróleo, emitem maiores concentrações do gás que chegam a 550 ppm.

De acordo com os pesquisadores, se a tecnologia se popularizar, as bactérias podem de ajudar a desacelerar o aquecimento global.

Como o metano se tornou a maior ameaça ambiental

O setor agropecuário é a maior fonte de emissão de metano devido às quantidades de esterco e liberações gastroentéricas. O metano é um dos gases do efeito estufa, a causa direta pelo aquecimento global, embora presente em menores quantidades na atmosfera se comparado ao dióxido de carbono.

Entretanto, a emissão de metano é preocupante pela sua capacidade de retenção de calor 85 vezes maior que a do CO2  durante os 25 anos após chegar à atmosfera. Além disso, o metano se tornou um grande problema entre os gases do efeito estufa devido ao seu rápido crescimento nos últimos 15 anos. 

Atualmente, o metano corresponde por 30% dos gases responsáveis pelo aquecimento global.

Bactérias podem resultar em emissões mais nocivas

Atualmente, as soluções mais propostas para redução de metano focam em diminuir a emissão, mas isso nem sempre é possível. Os pesquisadores ressaltam que as estratégias para diminuir a emissão e a remoção de metano são necessárias para alcançar as metas climáticas. 

Lidstrom alerta que quaisquer estratégias de redução de emissões de metano que ampliem a atividade de bactérias em comunidades naturais podem resultar em emissões de óxido nitroso.

As emissões de óxido nitroso são 10 vezes mais impactantes ao aquecimento global em relação às de metano. Contudo, essa tecnologia de bactérias que comem metano não produzem emissões de óxido nitroso.

Por outro lado, a implementação do método enfrenta uma barreira técnica. Seria necessário aumentar a unidade de tratamento de metano em vinte vezes.

Para implementar as bactérias que comem metano em uma grande escala, serão necessários milhares de reatores de alto desempenho. Caso isso aconteça, outras barreiras são o investimento financeiro e aceitação pública.

De acordo com os pesquisadores, se o estudo conseguir quebrar essas barreiras, é possível testar o método daqui a quatro anos.

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