Barata tida como extinta é reencontrada após 80 anos na Austrália
Uma barata sem asas, que come madeira e era tida como extinta desde 1930 foi encontrada novamente na Austrália. Um estudante de biologia da Universidade de Sidney identificou uma família desses insetos ao pé de uma figueira em julho deste. A descoberta foi divulgada no último sábado (1).
A hipótese era que a barata da espécie Panesthia Iata tivesse sumido depois da chegada de ratos à ilha de Lord Howe, em 1918. Desde então, pesquisadores viram a população diminuir até sumir completamente.
A ilha é mais antiga que as Ilhas Galápagos e abriga 1,6 mil espécies nativas de invertebrados. Metade delas não existem em nenhum outro lugar do mundo.
“Nos primeiro 10 segundos, pensei: ‘não pode ser”, contou Maxim Adams, aluno da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Sydney, que encontrou a barata. “Eu levantei uma pedra embaixo da figueira e lá estava ela”.
A barata sem asas tem de 22 a 40 milímetros de comprimento e uma cor metálica, que varia entre o vermelho e o preto. Poderosas escavadoras, elas vivem e se alimentam de troncos podres das florestas tropicais no litoral norte e leste da Austrália.
Ao todo, o país abriga 11 espécies de baratas do gênero Panesthia. O corpo desses insetos carrega microrganismos que ajudam a digerir a celulose da madeira.
Ecossistema equilibrado
Apesar de não serem os animais mais lindos do planeta, essas baratas são essenciais para a manutenção do ecossistema da ilha. Elas reciclam nutrientes e aceleram a quebra de toras de madeira. Além disso, servem como fonte de alimento para outras espécies.
Por isso, cientistas já pensavam na viabilidade de reintroduzir esses animais na ilha principal – o que se mostrou desnecessário, visto que elas já estão lá.
“Essas baratas são quase a nossa própria versão dos tentilhões de Darwin”, disse Atticus Fleming, presidente do conselho da ilha de Lord Howe. “Separadas em pequenas ilhas ao longo dos anos, desenvolveram uma genética única”. Você pode entender melhor o que são esses tais tentilhões que o pesquisador menciona clicando neste link. Mas, basicamente, foram pássaros que ajudaram o pai da teoria evolutiva a comprovar suas suposições sobre como a evolução em espécies.
Agora, os pesquisadores australianos querem estudar o habitat e genética das baratas para entender como conseguiram sobreviver ao longo dos 80 anos em que ficaram desaparecidas.