Contém spoiler: por que o final do filme “Batem à Porta” não é igual ao livro?

O longa de M. Night Shyamalan trata-se de uma adaptação da obra “O Chalé no Fim do Mundo”, escrita por Paul Tremblay
Batem à Porta
Imagem: Universal/Divulgação

[ATENÇÃO, ALERTA DE SPOILER A SEGUIR!]

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O mais novo thriller de M. Night Shyamalan, “Batem à Porta” (“Knock at the Cabin” no original), chegou com tudo aos cinemas e tirou “Avatar 2” da liderança durante o fim de semana. A produção trata-se de uma adaptação da obra “O Chalé no Fim do Mundo”, escrita por Paul Tremblay. No entanto, o final do filme da Universal diverge muito do livro. 

Ambas as obras giram em torno de uma família de três pessoas, composta pelos pais Eric e Andrew (interpretados por Jonathan Groff e Ben Aldridge) e sua filha Wen (Kristen Cui), cujas férias na floresta são interrompidas por quatro estranhos que os alertam sobre um apocalipse iminente. Os quatro intrusos são Leonard (Dave Bautista), Sabrina (Nikki Amuka-Bird), Adriane (Abby Quinn) e Redmond (Rupert Grint). Atormentados por visões apocalípticas que parecem se tornar realidade, eles prendem a família e exigem que sacrifiquem um dos seus para evitar o fim do mundo.

No entanto, as obras são diferentes em seu final. No filme e no livro, Eric e Andrew se recusam a matar alguém, então Redmond se submete a ser espancado até a morte por seus colegas. A partir daqui, as duas histórias começam a diferir. No filme, Adriane é a próxima pessoa a ser sacrificada, e então Andrew consegue escapar de suas amarras e recuperar uma arma de seu carro. Ele mata Sabrina em legítima defesa, então Leonard se tranca no banheiro. 

Morrer para evitar o fim do mundo

Leonard sobrevive a um ferimento à bala, mas logo desiste de cortar a própria garganta depois que vê Eric e Andrew firmes e fortes em manter sua família viva. No entanto, quando os aviões começam a cair do céu, Eric decide que deve morrer para evitar o fim do mundo. Em lágrimas, ele convence Andrew a atirar nele e, com certeza, o apocalipse é evitado. Andrew e Wen então saem e veem que as pragas infligidas ao mundo desaparecem de forma sombria. 

No entanto, o livro conta que quando Andrew pega sua arma, ele mata Adriane, em vez de Sabrina. Ele e Leonard têm uma briga semelhante pela arma, mas em uma reviravolta trágica, Wen é acidentalmente baleada e morta. No entanto, Leonard diz que o apocalipse não foi evitado porque Wen não foi um sacrifício voluntário. Sabrina então abandona sua missão, mata Leonard e dá a Andrew e Eric as chaves de um carro antes de se matar. Levando o corpo de Wen com eles, Andrew e Eric partem e enfrentam o dia do juízo final que os espera.

Steve Desmond e Michael Sherman, que escreveram o roteiro com M. Night Shyamalan, concordaram que o final sombrio e original do livro teve que ser mudado para o cinema. “Nós o adaptamos um pouco diferente do livro, e então [Shyamalan] teve uma visão totalmente nova de como poderia ser o final”, disseram Desmond e Sherman à Variety na estréia de “Batem à Porta”. 

“O livro é o livro e o filme é o filme, e achamos que ambos foram meios excepcionais. Este é um filme grande e de lançamento amplo, destinado a um público muito grande. Existem algumas decisões tomadas pelo livro que foram bastante sombrias e podem ter sido um pouco demais para um público mais amplo. Essa foi uma decisão que [Shyamalan] reconheceu imediatamente. É um ótimo final agora”, completam. 

Além disso, a obra cinematográfica também adiciona um breve flashback, que mostra Wen adulta e um Andrew mais velho. Essa junção de fatores faz Eric convencer Andrew a matá-lo para salvar o mundo, e com isso dar à filha a chance de ter um futuro e viver sua vida. “Acho que é sombrio e aterrorizante, mas edificante no sentido de que termina com essas duas pessoas que pelo menos ainda têm uma à outra”, disse Quinn. 

“Batem à Porta”, no que as obras são parecidas

“Há a última cena de [Andrew e Wen] no carro mexendo com a música e você vê a linha do tempo deles quando estão mais velhos e parecem mais felizes, então acho esperançoso e edificante dessa forma. Parece que eles sobreviveram e estão relativamente bem. Mas muito escuro”, completou. 

No filme e no livro, Andrew é cético de que a profecia do juízo final seja real e pensa que os quatro intrusos são assassinos homofóbicos em uma brincadeira doentia com notícias falsas de desastres mundiais. Ao mesmo tempo, Eric, que sofre uma convussão, começa a ter visões de luz e acaba acreditando que os estranhos são os Quatro Cavaleiros do Apocalipse.

O autor da obra “O Chalé no Fim do Mundo”, Paul Tremblay, diz que deixou o final “propositadamente ambíguo” sobre se o fim do mundo realmente acontecerá, mas ele disse que o final do filme “Batem à Porta” é “não tão esperançoso” também. “Acho horrível que haja esse poder superior que, querendo ou não, sacrifica humanos por todos os outros”, disse ele. “Não parece uma coisa muito moral a se fazer, então não acho tão esperançoso. Acho a ideia do que aconteceu no meu livro – que os dois personagens rejeitam isso, como ‘Não, não vamos nos sacrificar. Isto é errado. Nós vamos continuar. Isso é um pouco mais esperançoso.”

Por outro lado, M. Night Shyamalan admitiu que é um “cara otimista”, mas se recusou a revelar completamente como o público deve interpretar o final.“O mais importante no final é que todos se coloquem no lugar dos personagens”, disse o diretor. “O que eles teriam feito? Eu sinto que o gênero me ajuda a contar histórias emocionais. Geralmente sou um cara otimista, então faço coisas realmente obscuras, e o público se sente dominado por alguém que não é niilista. Eu posso forçar bastante porque você pode sentir que o vocabulário não é de alguém que está tentando te machucar.”

No último fim de semana, o lançamento de “Batem à Porta” derrubou “Avatar 2” da primeira posição após sete semanas, arrecadando US$ 14,2 milhões nos cinemas norte-americanos, segundo a Variety.

Rayane Moura

Rayane Moura

Rayane Moura, 26 anos, jornalista que escreve sobre cultura e temas relacionados. Fã da Marvel, já passou pela KondZilla, além de ter textos publicados em vários veículos, como Folha de São Paulo, UOL, Revista AzMina, Ponte Jornalismo, entre outros. Gosta também de falar sobre questões sociais, e dar voz para aqueles que não tem

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