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Bioespuma de folha de buriti da Amazônia pode substituir o isopor

Pesquisa da USP mostrou que bioespuma de buriti substitui isolantes térmicos sintéticos por causa da baixa densidade e alto teor de celulose

Bioespuma de folha de buriti da Amazônia pode substituir o isopor

Imagem: Cecília Bastos/USP Imagem/Reprodução

Uma pesquisa da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP (Universidade de São Paulo), identificou um material que supera o isopor no isolamento térmico: é uma bioespuma feita a partir da folha de buriti (Mauritia flexuosa), nativa da Amazônia.

A equipe de cientistas encontrou a alternativa enquanto buscava por painéis estruturais de isolamento térmico mais sustentáveis. O produto da bioespuma é mais comum no estado do Pará. 

“O material que a gente usa é popularmente conhecido como miriti”, explicou Alessandra Silva Batista, mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Recursos Florestais da Esalq e autora da pesquisa. “Essa nomenclatura é atribuída pelas comunidades tradicionais e é basicamente a parte interna do pecíolo de uma folha de palmeira, que é o buritizeiro”.

Pecíolo é a parte que seria a haste da folha. Na parte interna, esse componente possui um material extremamente leve que serve para as populações tradicionais na confecção de artesanato. “Quando nos deparamos com esse material nós percebemos o alto valor tecnológico dele”, completou a pesquisadora. 

Por que é isolante térmico?

O miriti substitui isolantes térmicos sintéticos por causa da baixa densidade e alto teor de celulose. Dessa forma, é capaz de substituir a camada central dos painéis estruturais de isolamento. 

Além de sustentável, é um produto importante para a Amazônia, o que torna essencial manter sua preservação. 

“Na Amazônia, se usa muito a palmeira do buritizeiro em si. Ela é fonte de renda, fonte de alimento, pelo fruto, mas hoje serve mais como fonte de renda para artesanato”, disse Batista. 

“Então, a gente quer gerar mais valor ao produto, ter o cuidado para um manejo dessa palmeira, já que estamos produzindo um material sustentável. O nosso desejo é que toda a cadeia produtiva desse produto seja sustentável”.

Em fase de registro 

Como a bioespuma de buriti é inédita, o produto ainda está em processo de patente pelos pesquisadores da USP. Mas o fato de nunca ter sido usado antes também é motivo para alguns desafios. 

“A gente teve que partir de várias análises do zero, entender o comportamento do material. Quando nós desenvolvemos algumas análises, principalmente na área de tecnologia da madeira, nós temos várias normas que precisamos seguir para fazer as análises, só que, para esse material, não existia uma norma”, lembra Alessandra. 

Agora, a equipe de pesquisa já entrou em contato com empresas e busca parceiros para financiar o trabalho junto com a indústria.

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