Brasil investe R$ 1 bilhão em laboratório para combater novas pandemias
O governo federal anunciou o investimento de R$ 1 bilhão na construção do Orion, um complexo de laboratórios que permitirá a pesquisa de patógenos que podem causar doenças graves ou com alto grau de transmissibilidade.
Este será o primeiro laboratório de máxima contenção biológica da América Latina. Já existem 60 deles no mundo, mas nenhum na América do Sul, Central ou no Caribe. Será também o primeiro laboratório de biossegurança máxima do mundo que estará conectado a uma fonte de luz síncrotron — que se baseia na aceleração de elétrons a altas velocidades para gerar energia.
O projeto será coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e pelo Ministério da Saúde. O investimento faz parte do Novo PAC, que foi lançado na última sexta-feira (11).
Por que o Orion representa um avanço
Há quatro níveis de biossegurança para manipulação de patógenos estabelecidos mundialmente. Cada um deles indica a periculosidade dos microrganismos estudados.
Um laboratório NB4 permite o estudo de agentes das chamadas classes 3 e 4, como o Ebola, o Marburg e o próprio Sars-Cov-2. Assim, o novo laboratório fornecerá dados e informações para o desenvolvimento de novos fármacos e vacinas, além de monitorar ameaças de novas pandemias.
O Orion será construído no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP). Ele terá cerca de 20 mil metros quadrados e estará conectado a três linhas do acelerador de partículas que já existe por lá, o Sirius.
Além da infraestrutura NB4, o projeto conta com laboratórios de pesquisa básica, de técnicas analíticas e de imagens biológicas, como microscopias eletrônicas e criomicroscopia. O custo de R$ 1 bilhão também prevê a capacitação de cientistas brasileiros para lidar com agentes infecciosos de alta periculosidade.
O que é o PAC
O Programa de Aceleração do Crescimento abrange medidas para estimular investimentos privados, aumentar investimentos públicos em infraestrutura e eliminar barreiras burocráticas, com o objetivo de impulsionar o crescimento econômico do país.
Segundo divulgado pelo governo federal, o programa vai investir R$ 1,7 trilhão em todos os estados do Brasil. Ele destinará R$ 8 bilhões ao MCTI, para investimentos em ciência e tecnologia, e R$ 30,5 bilhões para a Saúde.
O dinheiro investido na construção do laboratório Orion virá de recursos garantidos pelo FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). O valor deve ser repassado até 2026.