Brasileiro gosta bastante de tecnologia, mas falta usá-la mais para ganhar dinheiro

Organizado pelo Google e a consultoria McKinsey, estudo tenta medir nível de habilidades digitais dos brasileiros e como isso influencia a economia.

Desde a popularização da internet por aqui, sempre ouvimos falar que os brasileiros gostam muito de redes sociais e navegam bastante na rede — segundos dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), sete entre dez brasileiros têm acesso à internet, e o uso de redes sociais do País é 45% maior que a média mundial. Apesar de usar bastante tecnologia, o brasileiro, por falta de competências digitais, acaba utilizando pouco a rede para criar algo novo, o que tem consequências econômicas. A conclusão é de uma pesquisa colaborativa entre o Google e a consultoria McKinsey.

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O levantamento inédito tentou entender um pouco o nível das habilidades digitais dos brasileiros. Além disso, a ideia era verificar oportunidades de melhoria e como essas capacidades influenciam a economia.

Antes de falar do estudo em si, é preciso mencionar a metodologia. A pesquisa estabeleceu cinco capacidades e pediu para que os participantes dessem uma nota de 1 a 5 com o auxílio de um questionário. Abaixo, as capacidades, as notas e as conclusões gerais sobre cada uma delas.

  • Acesso (3,5) – habilidade de ligar, configurar e conectar dispositivos em rede para usar as principais funções dos softwares e apps de celular mais importantes

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Conclusões: sabe ligar/desligar aparelhos e navegar. Não usa comandos de voz e não domina a configuração de softwares.

  • Uso (3,4) – habilidade de fazer transações, ter presença online, como perfis em redes sociais, boa navegação em qualquer site e buscar conteúdo.

Conclusões: sabe usar apps de mensagem e realizar buscas. Não sabe direito como funciona o armazenamento na nuvem e transações online.

  • Segurança (3,4) – noções de proteção de dados, avaliação de perigos online e distinção entre informações pessoais e compartilháveis.

Conclusões: tem cuidado com dados e informações pessoais e sabe reconhecer um golpe de phishing. No entanto, não são bons em identificar sites seguros (fontes de informação segura) e em identificar malwares.

  • Cultura Digital (3) – habilidades de vocação exploratória, hábito de aprendizado por tentativa e erro, atualização constante em relação a novas tecnologias e disposição para resolver problemas.

Conclusões: tem vocação para aprender experimentando e sabe acompanhar análises de lançamentos. No entanto, não é muito propenso ao aprendizado por tentativa e erro e tem medo do uso de novas tecnologias.

  • Criação (1,8) – habilidade de criação em diferentes mídias e apresentações a partir de programas de computador, conhecimento de ferramentas de divulgação como SEO e programação.

Conclusões: consegue criar e desenvolver apresentações e editar vídeos. No entanto, não manja muito de programação, aplicações de conceitos de machine learning e automação de sistemas de dados.

As capacidades de segurança, uso e cultura já causam impacto financeiro quando exigem níveis avançados. No entanto, a competência de criação, que teve a menor nota, é a mais relevante para fins econômicos.

“Competências de criação têm alto impacto positivo na renda já a partir do nível introdutório”, diz a pesquisa. Então, mesmo tendo uma noção básica, uma pessoa que sabe editar um vídeo ou mesmo criar apresentações já consegue se diferenciar no mercado, seja na formalidade ou em trabalhos esporádicos.

No fundo, o que o estudo tenta mostrar é que quanto mais desenvolvidas são as competências digitais, melhor.

Elas possibilitam maior participação na força de trabalho (fazendo parte da economia digital, vendendo itens ou serviços — exemplo: apps de transporte), redução de desemprego (indivíduos com muita competência digital sabem se virar e têm grande chance de conseguir um trabalho online) e aumento de produtividade (por saberem usar melhor as ferramentas, costumam ter maior satisfação e oportunidades melhores).

“O desenvolvimento de competências digitais é importante para a captura de impacto econômico com potencial de adicionar US$ 70 bilhões ao PIB até 2025”, diz o estudo.

A média das competências foi 3, o que não é ruim, mas ainda falta uma certa profissionalização. Isso quer dizer que todo mundo deve aprender programação? Não necessariamente. Às vezes, noções básicas de marketing digital já podem ajudar a potencializar um comércio de bairro, por exemplo, melhorando a visibilidade ou mesmo oferecendo promoções.

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