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Brasileiro lança livro após atravessar oceano até a África do Sul; veja

Preparação para atravessar oceano Atlântico Sul demandou anos de preparação física, financeira e espiritual, contou o comandante

Brasileiro lança livro após atravessar oceano até a África do Sul; veja

Imagem: Arquivo pessoal/Jornal da USP/Reprodução

Um grupo de três brasileiros usou um pequeno veleiro de pouco mais de 10 metros para atravessar o oceano Atlântico até a África do Sul. Da aventura saiu o livro “Travessia do Atlântico Sul”, publicado em 2022 pela editora Viseu. 

Ao todo, foram mais de 6 mil quilômetros percorridos ao longo de 100 dias. Eles saíram de Ubatuba, no litoral de São Paulo, e foram até a cidade sul-africana de Cidade do Cabo. Mas, antes, batizaram o veleiro de Kanku-dai V, o nome de um movimento do karatê que significa “contemplando o céu”. 

Na obra, o comandante Sigismundo Bialoskorski Neto, de 64 anos, traz o diário de bordo que escreveu durante a viagem. Segundo ele, a aventura foi um divisor de águas em sua vida. 

“Você está no meio do oceano, onde tem um horizonte de 360 graus no seu entorno, as noites sem iluminação, um céu profundamente estrelado que se reflete no mar, é uma sensação nítida de que você está em cima do globo terrestre navegando pelo Universo”, contou o professor aposentado da USP. 

A aventura traz desafios que podem fugir do controle, como mudanças climáticas em alto mar e a exaustão. Isso porque o grupo velejou dia e noite: eles não pararam até atravessar o oceano. 

Nas noites insones, Bialoskorski Neto registrava suas impressões no celular. “Ficou cada vez mais particular, cada vez mais intimista e de repente isso originou um livro de 250 páginas escrevendo basicamente dois parágrafos por dia durante 70 dias de navegação e 100 dias de travessia”, lembra. 

Anos de planejamento 

O comandante e seus companheiros – Sergio Boris Davidoff Cracasso, 56, e Ricardo Nogueira de Athayde, 45 – planejaram a viagem por anos antes de se lançarem ao mar. Essa foi a etapa mais complexa, segundo o ex-professor da USP. 

Ele compara a travessia com uma escalada ao Monte Everest. “É preciso estar bem física, financeira, técnica e espiritualmente, porque você vai estar no meio do nada durante vários dias enfrentando situações difíceis, o que requer não só força física mas também muito preparo espiritual”, afirma.

Antes do embarque, o grupo recorreu ao apoio de um meteorologista profissional e especialistas em comunicação por satélite e rádio SSB. Eles também contaram com orientação médica e de nutricionistas. 

Isso porque os velejadores precisam dosar a quantidade exata de água e comida que precisam para se manter de pé durante cada dia de viagem. Isso porque toda a alimentação foi dosada antes da viagem, a fim de não comprometer a estrutura do veleiro. 

Além disso, um médico ficou de prontidão para orientá-los sobre anti-inflamatórios e antibióticos caso ficassem doentes durante o percurso. 

Mas, depois do retorno à terra-firme, a sensação de desbravar os mares mundo afora é gratificante. “Essa sensação te faz olhar para dentro e descobrir como nós somos infinitos dentro de nós mesmos”, pontuou o comandante. 

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