Cientistas brasileiros criaram um teste capaz de detectar anticorpos contra o coronavírus em apenas 10 minutos e com um custo até cinco vezes menor do que a média do mercado. A inovação foi desenvolvida por pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC), em parceria com a startup paulistana Biolinker.
O sistema funciona de forma semelhante aos testes rápidos disponíveis nas farmácias, mas conta com uma tecnologia de nanopartículas que facilita a identificação dos anticorpos, além de exigir apenas insumos nacionais para a produção. Por isso, enquanto os testes rápidos de COVID-19 custam em torno de R$ 140, este novo sai por R$ 30. A eficácia, no entanto, não foi revelada porque os testes não foram concluídos.
O foco do nova tecnologia é ampliar a testagem no país e deixá-la mais acessível às populações de baixa renda. Ela será importante mesmo depois da vacinação, uma vez que nem todos os vacinados produzem anticorpos para o vírus — e, entre os que produzem, o nível vai caindo com o tempo.
Ao inserir uma gota de sangue no dispositivo, ele identifica a presença dos anticorpos do tipo imunoglobulina (IgG), que são produzidos na fase mais aguda da doença (em média dez dias após o início dos sintomas). Quando o exame dá positivo, duas bolinhas vermelhas aparecem no leitor.
“Nós conjugamos uma nanopartícula de ouro [que dá a cor avermelhada às bolinhas] a um pedaço da proteína spike do SARS-CoV-2, que é reconhecido pelos anticorpos humanos. Esse bioconjugado é aproximadamente 1 milhão de vezes menor do que um fio de cabelo”, explicou o professor Frank Crespilho, coordenador do estudo, à Agência Fapesp.
A spike é uma proteína em forma de coroa que dá nome à família dos coronavírus. Ela é a responsável por ligar o vírus aos receptores presentes nas células humanas, viabilizando a infecção. No teste, é usada apenas a ponta dessa proteína, de uma região conhecida como RBD, para reconhecer os anticorpos. Mona Oliveira, chefe científica e fundadora da Biolinker, que desenvolveu a ponta da proteína para os testes, explica à Agência Fapesp que, para isso, foi usada uma tecnologia conhecida como DNA recombinante, com bactérias geneticamente modificadas.
Além de concluir os testes de eficácia, a equipe responsável pelo teste trabalha para produzir ao menos 500 unidades e testar em pacientes atendidos em universidades de São Paulo. Após essa etapa, que deve levar cerca de um mês, eles pedirão registro na Anvisa para poderem liberar o teste.