Cadê a neve? Inverno europeu tem calor recorde
As famosas paisagens com neve do inverno europeu não se repetiram neste ano: pelo contrário, o Velho Continente enfrenta uma onda de calor com temperaturas recordes.
Pelo menos sete países registraram o inverno mais quente da história – Holanda, Dinamarca, Polônia, República Tcheca, Belarus, Letônia e Lituânia.
Na Polônia, a capital Varsóvia chegou a 18,9ºC em 1º de janeiro, 5ºC acima do recorde anterior, estabelecido em 1993. É bem acima da média esperada para o inverno europeu, que fica entre 1ºC e -5ºC. O mesmo se repetiu na França, Alemanha e Ucrânia.
A cidade de Bilbao, no norte da Espanha, chegou a 24,9ºC em 31 de dezembro, enquanto a Suíça registrou 20ºC no primeiro dia de 2023. Esse seria o calor esperado para o início de julho, quando é verão no hemisfério norte.
No final de semana, estações de esqui nos Alpes e Pirineus da França precisaram fechar as portas por falta de neve. Os centros, que costumam reunir milhares de turistas nesta época do ano, abriram na metade de dezembro.
Riscos e motivos
Agora, os meteorologistas alertam sobre os riscos da onda de calor na Europa. “Sem precedentes nos registros modernos”, escreveu o meteorologista escocês Scott Duncan no Twitter. Segundo ele, a intensidade e extensão do fenômeno são “difíceis de compreender”.
The intensity and extent of warmth in Europe right now is hard to comprehend.
Warsaw in Poland 🇵🇱 just smashed its January record by over 5°C. pic.twitter.com/to4Mif70Hn
— Scott Duncan (@ScottDuncanWX) January 1, 2023
A onda de calor na Europa contrasta com o frio extremo nos EUA. Entre o Natal e Ano Novo, mais de 200 milhões de norte-americanos – ou 60% da população dos EUA – enfrentaram interrupções de energia, frio intenso e uma tempestade de neve sem precedentes. O fenômeno deixou mais de 60 mortos.
A única explicação para esses extremos são os efeitos das mudanças climáticas no planeta. Cientistas climáticos alertam que é preciso manter o aquecimento global abaixo do limite crítico de 1,5ºC ou episódios como a onda de calor e frio no hemisfério norte se tornarão cada vez mais comuns.
O primeiro – e mais urgente – passo é reduzir drasticamente as emissões de dióxido de carbono, gás poluente que vem da queima de combustíveis fósseis.
Enquanto isso, a falta de chuva e onda de calor no inverno europeu já afetam as hidrovias do continente: desde setembro, rios de diversos países tiveram seu contingente de água reduzido pela seca.
Este cenário alimenta a preocupação sobre uma possível escassez de alimentos e de energia na Europa. Se acontecer, os preços aumentarão ainda mais no continente, que sofre os efeitos mais imediatos da guerra entre Rússia e Ucrânia.