Tecnologia

Câmeras invisíveis: cientistas criam sensor transparente para óculos

Por meio de pixels de grafeno, sensores transparentes permitem criar câmeras invisíveis para lentes de óculos, monitores e até janelas
Imagem: Ameer Bansheer/Unsplash/Reprodução

Os sensores de imagem são componentes essenciais em câmeras digitais. Apesar de a tecnologia ter transformado a captação de fotos, existem alguns limites que dificultam o funcionamento de certos recursos. Em dispositivos de rastreamento ocular, por exemplo, o componente bloqueia a visão do usuário, enquanto analisa a retina.

Para resolver esse problema, uma equipe de pesquisadores do Instituto de Ciência e Tecnologia de Barcelona, na Espanha, desenvolveram sensores de imagem transparentes, capazes de tornar câmeras quase invisíveis.

Segundo o líder do projeto, o engenheiro Gabriel Mercier, os sensores permitem criar uma nova geração de dispositivos de rastreamento ocular. É possível, por exemplo, embutir o componente em objetos comuns do dia a dia, como lentes de óculos, monitores de computador e até janelas.

A ideia é utilizar a tecnologia para ampliar as possibilidades não só para o rastreamento ocular, como também para inovações de realidades aumentada e virtual. Em entrevista à Discover Magazine, Mercier explicou o seguinte:

“O rastreamento ocular tem uma ampla variedade de usos, como detectar esquizofrenia, medir a compreensão de textos ou a experiência de dirigir, permitindo uma melhor compreensão da memória e das escolhas ao fazer compras. O rastreamento ocular ainda permite a criação de uma interface humano-computador, na qual é possível controlar sem toques ou gestos os sistemas de infoentretenimento automotivo – e também é apontado como uma tecnologia chave para a onipresença das realidades virtual e aumentada”.

Gabriel Mercier, líder de pesquisa em engenharia do Instituto de Ciência e Tecnologia de Barcelona.

Um exemplo prático do uso da tecnologia é o celular da Honor que permite dirigir o carro apenas com os olhos. Nesse caso, ainda é necessário direcionar o olhar para o telefone — isto é, o aparelho atua como a barreira física que a equipe de Mercier quer eliminar com os sensores transparentes.

A transparência está nos pixels

Nas câmeras digitais, os sensores geram imagens a partir da luz captada pelos pixels. No caso dos sensores transparentes, os pixels contam com estruturas fotodetectoras formadas por pontos quânticos baseados em grafeno.

Em cada pixel, existe uma camada de grafeno — como uma folha de átomos de carbonos conectados igual a uma cerca de galinheiro. Essa camada é coberta com pontos de sulfeto de chumbo que, quando atingidos por fótons, emitem elétrons que fluem pela folha de grafeno.

A transparência acontece porque a maior parte da luz passa através do grafeno, e os pontos de sulfeto de chumbo são muito pequenos para ver a olho nu. Além disso, os pixels de grafeno produzem uma corrente de elétrons relativamente grande, permitindo a transmissão de luz por distâncias mais longas.

Devido às características únicas dos materiais, os pixels transparentes podem funcionar em objetos, sem a necessidade de uma estrutura amplificadora. Assim, torna-se possível criar óculos cujas lentes têm sensores logo na frente dos olhos, sem obstruir a visão.

Murilo Tunholi

Murilo Tunholi

Jornalista especializado em tecnologia, jogos, entretenimento e ciência. Já passou por grandes redações do Brasil (TechTudo, Tecnoblog, Terra e Olhar Digital) e trabalhou com relações públicas e assessoria de imprensa na Theogames, atendendo à Blizzard Entertainment e mais clientes do mercado de videogames. É apaixonado pela cultura geek, música e produção de conteúdo. Nas horas vagas, é aspirante a artista marcial e cozinheiro.

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