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O bizarro caso do maior submarino caseiro e o assassinato de uma jornalista

Um inventor dinamarquês lançou um projeto maluco a partir de um financiamento coletivo, em 2008. A sua ideia era mais doida do que o convencional: construir um submarino caseiro, o UC3 Nautilus, com o custo aproximado de R$ 630 mil. A mente por trás do maior submarino caseiro do mundo é a de Peter Madsen, […]

Um inventor dinamarquês lançou um projeto maluco a partir de um financiamento coletivo, em 2008. A sua ideia era mais doida do que o convencional: construir um submarino caseiro, o UC3 Nautilus, com o custo aproximado de R$ 630 mil. A mente por trás do maior submarino caseiro do mundo é a de Peter Madsen, que embarcou em outras empreitadas como a exploração espacial. Hoje, ele comanda a organização Laboratório Espacial Rocket-Madsens, fundado com doações e cujo objetivo é lançar um foguete de uma plataforma flutuante. Nesta semana, ele passou a ser acusado de assassinar uma jornalista sueca.

A história do UC3 Nautilus

O submarino foi lançado no dia 3 de maio de 2008, após três anos de desenvolvimento. Este era o terceiro projeto do Nautilus e, quando foi lançado, foi considerado o maior submarino caseiro do mundo. Movido a dois motores a diesel na superfície e a baterias quando submerso, ele era capaz de levar até quatro pessoas e todos os seus controles estavam disponíveis para uma única pessoa, em um compartimento específico do modelo.

Madsen contou com a ajuda de um grupo de voluntários e de financiamento coletivo para colocar a sua ideia em prática e passou a utilizá-lo como uma ferramenta para a Copenhagen Suborbitals, programa espacial amador do qual fazia parte. Em 2011, o submarino precisava de uma reforma, e o grupo da Copenhagen Suborbitals não tinha toda a grana. Novamente recorreram ao financiamento coletivo e, só em 2013, uma campanha no Indiegogo foi lançada – ela falhou: dos US$ 50 mil esperados, só foram arrecadados US$ 6.170.

A Copenhagen Suborbitals é um grupo de entusiastas amadores de foguetes que se mantém por meio de financiamento coletivo e tem cerca de 55 voluntários. O sonho do coletivo de mandar um de seus voluntários no lançamento de um foguete, fracassou, até agora. No início, o Nautilus fazia parte do projeto, mas em 2014, Madsen saiu do grupo e passou a focar em outras ideias. Ele, então, disputou a verdadeira posse do submarino com a diretoria da Copenhagen Orbital. Após muita negociação, o conselho decidiu ceder a posse. Naquele momento, o Nautilus já tinha registrado mais de mil mergulhos e tinha uma equipe de dez voluntários trabalhando na reforma.

A jornalista

Toda a batalha e os esforços de Madsen com seu submarino e projetos espaciais chamaram a atenção da jornalista freelancer sueca Kim Wall, que viajou para a Dinamarca e embarcou no submarino no início do mês. Wall já trabalhou para veículos como New York Times, The Guardian, Vice e South China Morning Post e iniciava a apuração da história do submarino.

Madsen foi visto saindo com a jornalista no dia 10 de agosto em Refshale Island (Refshaleøen), área industrial de Copenhagen. No dia seguinte, a Polícia de Copenhagen recebeu uma ligação do Centro Comum de Coordenação de Resgate indicando que o Nautilus não tinha retornado de uma viagem de testes e, algumas horas depois, um capitão de porto relatou ter visto o submarino na baía de Køge, bem ao sul do porto de Copenhagen. Madsen se comunicou com o capitão, indicando que iria para o porto e indicou que estava sofrendo com alguns problemas técnicos.

Pouco depois, Madsen foi resgatado pelas autoridades dinamarquesas em Öresund, entre as costas da Dinamarca e da Suécia, antes do naufrágio do submarino. Ele disse à imprensa local que “teve um pequeno problema com o tanques de lastro” e que isso “se tornou depois um grande problema”, o que fez com que o submarino afundasse. Esse tanque é responsável por manter ar ou água para equilibrar a flutuação e, aparentemente, ele teria sido preenchido com água de forma inesperada.

E aqui o caso começa a tomar traços estranhos. Madsen não falou de sua passageira. Em um primeiro momento, ele afirmou que a jornalista havia desembarcado na ilha de Refshaleoen, em Copenhague, na noite de 10 de agosto. Porém, o namorado de Wall denunciou o desaparecimento em 11 de agosto. Depois de ser detido, ele mudou sua versão e afirmou que Wall havia morrido em um acidente no submarino e que ele jogou o corpo no mar, na baía de Køge. Desde então foi iniciado um trabalho de busca, com mergulhadores, helicópteros e embarcações.

Ontem (22), a polícia dinamarquesa encontrou um torso de mulher na baía de Copenhague, na Dinamarca. O torso, sem cabeça, braços ou pernas, foi encontrado à beira d’água por um ciclista. Nesta terça-feira (23), a polícia informou que o torso era mesmo de Kim Wall. Segundo as autoridades, braços, pernas e cabeça foram “deliberadamente seccionados”.

A polícia ainda não encontrou a cabeça e membros inferiores de Wall. De acordo com um porta-voz “os danos causados ao torno parecem deliberados e uma tentativa de assegurar que o ar saia do corpo e impeça de flutuá-lo ou levá-lo para a beira do mar”.

Esta é, aparentemente, a foto da última vez em que a jornalista foi vista:

 

A investigação acredita agora que o naufrágio foi provocado por Madsen. Porém, os danos causados no afundamento impedem a obtenção de mais dados. A mente por trás do maior submarino caseiro do mundo agora está sendo acusada por “homicídio culposo por negligência”.

[BBC, ABC News, Reuters]

Imagem do topo: Wikimedia Commons

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