Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) encontraram em Minas Gerais evidências do caso de sífilis em Homo sapiens mais antigo do mundo. A equipe descreveu a descoberta no International Journal of Osteoarchaeology.
A equipe identificou ossos e dentes de uma criança que morreu há aproximadamente 9,4 mil anos. O pequeno tinha quatro anos de idade e vivia em Lapa do Santo, uma região mineira de Lagoa Santa.
A sífilis é uma IST (infecção sexualmente transmissível), no entanto, a criança sofria da forma congênita da doença. Ou seja, a mãe da criança provavelmente estava doente, permitindo que a bactéria Treponema pallidum atravessasse o saco amniótico e contaminasse o feto.
Tal processo causou um quadro de alterações morfológicas ainda no contexto intrauterino e após o nascimento do pequeno. A equipe notou, por exemplo, uma quantidade de cáries acima da média, deformações nos dentes que ainda iriam nascer, ausência dos ossos nasais e lesões nas faces externas e internas de ossos da calota craniana.
Rodrigo Elias Oliveira, pesquisador do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) e autor do estudo, disse ao jornal O Globo que já existiam estudos baseados em mutações do DNA que apontavam para a presença antiga da sífilis na América.
“Mas, até o nosso trabalho, não havia nenhuma confirmação material disso. Outros achados foram datados em épocas bem posteriores, alguns milhares de anos mais tarde”, explicou o cientista.