Ciência

Células T reconhecem e destroem câncer; cientistas descobrem como

Um tipo de glóbulo branco, as células T gama delta são eficientes no combate às células cancerígenas; descoberta pode impulsionar tratamentos
Unsplash: National Cancer Institute/ Unsplash/ Reprodução

Existem bilhões de células do sistema imunológico patrulhando nosso organismo para eliminar invasores e manter nosso corpo saudável. As células T são uma delas. O que surpreende é que, além de combater vírus e bactérias, um tipo de célula T conhecida como gama delta pode também destruir células cancerígenas.

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Mas como exatamente elas fazem isso ainda era uma dúvida para pesquisadores da área. Agora, um estudo publicado na revista Nature parece ter desvendado o mecanismo – que pode ser explorado em tratamentos contra o câncer.

O mecanismo das células T gama delta

Em geral, as células T possuem uma proteína em sua superfície que reconhece moléculas nas células-alvo. Por isso, a maioria dos tratamentos experimentais contra o câncer estudados hoje tentam recriar esse processo para direcionar o ataque desses glóbulos brancos aos tumores.

No entanto, as células T gama delta reconhecem suas células-alvo de uma maneira muito diferente das células T convencionais. Dessa forma, as condições necessárias para que elas reconheçam e eliminem células cancerígenas não estavam claras.

“Usamos o poder da edição do genoma CRISPR para obter insights fundamentais sobre o que pode tornar as células cancerígenas reconhecíveis pelas células T gama delta, para que possam ser alvo de eliminação”, disse Alex Marson, um dos autores do estudo, ao EurekaAlert.

Os pesquisadores testaram quais interrupções de genes afetam esse mecanismo e confirmaram que as células T gama delta reconhecem moléculas chamadas butirofilinas. O problema é que elas são encontradas tanto em tecidos saudáveis quando doentes.

Em busca do estresse celular

Quando eles examinaram mais de perto os resultados de sua triagem CRISPR, perceberam o estresse celular desencadeava um processo interessante. Primeiro, ele esgotava a produção de energia nas células cancerígenas.

Isso aumentava a quantidade de moléculas de butirofilina na superfície dessas células. O que, por fim, tornava as células cancerígenas mais propensas a serem mortas pelas células T gama delta.

“Em células saudáveis, a butirofilina é invisível para as células T gama delta, para que essas células não comecem a matá-las”, explicou Murad Mamedov, principal autor do estudo. 

“Mas quando as vias de estresse são aumentadas no câncer e as butirofilinas são ativadas, essas moléculas se tornam mais abundantes e agem como alvo das células T gama delta”, afirmou.

Com base na descoberta insight, eles conseguiram testar células tumorais de pacientes com câncer com um medicamento que imita a resposta ao estresse de uma célula. 

Elas foram mais facilmente reconhecidas pelas células T gama delta devido ao aumento das butirofilinas e, como resultado, foram mortas de maneira mais eficiente.

Agora, os resultados oferecem uma base para projetar medicamentos mais eficientes no tratamento de diversos tipos de câncer.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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