Ren Zhengfei, bilionário fundador e CEO da empresa chinesa de tecnologia Huawei, deu uma rara entrevista a repórteres nesta terça-feira (15) para discutir preocupações de segurança. O empresário de 74 anos insistiu que sua empresa não está em dívida com o governo chinês e chamou Donald Trump de “grande presidente” porque o líder americano cortou impostos para empresas. Essa foi a primeira vez que Ren falou com a imprensa estrangeira desde 2015.
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“Amo o meu país, apoio o Partido Comunista. Mas não farei nada para prejudicar o mundo”, disse Ren nesta manhã, segundo uma reportagem da Bloomberg News.
Ren está lutando uma guerra de palavras em duas frentes no momento, já que alguns países ocidentais começaram a proibir a aquisição de produtos Huawei para uso governamental e sua própria filha está detida no Canadá por ordem do governo dos Estados Unidos.
Filha de Ren e diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou foi presa em 1º de dezembro de 2018, enquanto fazia uma escala em um aeroporto em Vancouver, no Canadá. Meng é acusada de violar as sanções dos Estados Unidos ao fazer negócios com o Irã, e a sua detenção desencadeou uma série de prisões entre o Canadá e a China. Pelo menos dois canadenses foram presos imediatamente após a prisão de Meng, e o cidadão canadense Robert Schellenberg foi condenado à morte na China nesta segunda-feira (14) por contrabando de drogas, em uma ação que está sendo vista em grande parte através das lentes da Nova Guerra Fria.
O encontro de Ren com a imprensa estrangeira em Shenzhen nesta terça-feira, que teria durado mais de duas horas, tentou assegurar às pessoas que o governo chinês não estava usando a companhia para espionar os consumidores ou qualquer governo estrangeiro. Um relatório bombástico do governo dos Estados Unidos em 2012 se referiu tanto à Huawei quanto à ZTE como ameaças à segurança nacional. E o início da carreira de Ren no Exército de Libertação do Povo sempre fez os ocidentais suspeitarem das alianças da empresa.
“Nenhuma lei exige que qualquer companhia na China instale backdoors obrigatórias”, disse Ren, segundo o Wall Street Journal. “Eu pessoalmente nunca prejudicaria os interesses de meus clientes, e eu e minha empresa não responderíamos a tais pedidos.”
Porém, como aponta o Wall Street Journal, Ren nunca forneceu detalhes específicos sobre como a companhia resistiria a possíveis solicitações de informações privadas por parte do governo chinês. O CEO mencionou que, além das preocupações de segurança, a Huawei também estava no meio da atual guerra comercial entre os EUA e a China, mas minimizou a importância de sua empresa no assunto.
“A Huawei é apenas uma semente de sésamo no conflito comercial entre a China e os Estados Unidos”, disse Ren. “Trump é um grande presidente. Ele se atreve a cortar maciçamente os impostos, o que beneficiará as empresas. Mas é preciso tratar bem as empresas e os países para que eles estejam dispostos a investir nos EUA e o governo possa arrecadar impostos suficientes.”
De acordo com Ren, a Huawei tem atualmente até 30 contratos para instalar infraestrutura 5G em vários países ao redor do mundo, apesar de países como Austrália e Nova Zelândia bloquearem a empresa de entrar na licitação de tais contratos por questões de segurança nacional. E com 180 mil funcionários, a Huawei é difícil de recusar. A empresa pode oferecer preços atraentes como a maior fabricante de hardware de telecomunicações do mundo.
“A mensagem que quero comunicar para os Estados Unidos é: colaboração e sucesso compartilhado”, afirmou o CEO, segundo o Financial Times. “Em nosso mundo de alta tecnologia, fica cada vez mais impossível para uma só empresa ou país sustentar ou dar suporte às necessidades do mundo.”