Texto: Analice Candioto*/Jornal da USP
A alergia alimentar é um assunto extremamente preocupante e com impactos significativos na saúde pública, pois, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 200 a 250 milhões de pessoas sofrem com alergia a algum tipo de alimento.
Segundo o médico Fábio Dias, assistente da Divisão de Imunologia e Alergia Pediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP) da USP, essa condição alérgica atinge principalmente a faixa etária infantil entre 0 e 6 anos, em torno de 5% a 10% dessa população. Com o aumento da idade, essa porcentagem diminui, mas varia de acordo com o fator desencadeador.
Para conscientizar a população sobre a reação alérgica que algumas substâncias presentes nos alimentos podem causar, foi instituída no Brasil a Semana Nacional de Conscientização sobre Alergia Alimentar, sempre a terceira semana de maio, que este ano é de 13 a 19.
Para o chefe da Divisão de Imunologia e Alergia Pediátrica do HC-FMRP, professor Pérsio Roxo Júnior, essa semana de conscientização é muito importante para que as pessoas tenham o conhecimento sobre a doença, pois há um aumento do número de casos no mundo. “É um problema iminente de saúde pública, muitas vezes silenciosa, mas que pode se manifestar depois da ingestão direta ou indireta de alguns alimentos, causando quadros leves ou até graves como a anafilaxia (reação alérgica aguda) .” Ainda de acordo com o professor, quadros graves podem ser até mesmo fatais, por isso, é essencial saber identificar e prevenir da maneira correta.
Identificação e cuidados
A médica Patrícia Schiavotello Stefanelli, assistente da Divisão de Imunologia e Alergia Pediátrica do HC-FMRP, diz que alimentos como o leite de vaca, ovo, soja, trigo, amendoim, castanhas, peixes, frutos do mar, sementes e frutas como a banana podem ser os causadores dos sintomas de alergia.
Além disso, é importante ficar atento, pois pode se tratar de uma predisposição genética. “Crianças com dermatite atópica ou que tenham pais ou irmãos com algum tipo de doença alérgica têm maior risco de desenvolver alergia alimentar. Segundo Patrícia, a doença depende de uma predisposição genética, porém, outros fatores, como a alteração do meio ambiente, um estilo de vida com menor contato com a natureza e o excesso da ingestão de alimentos ultraprocessados, pobres em fibras, quando estão associados ao fator genético, podem estar relacionados ao diagnóstico futuro da alergia”, aponta a especialista.
Sobre os sintomas de uma alergia alimentar, o médico Fábio Dias relata que os mais comuns estão relacionados à pele, ao sistema respiratório, o estômago e o intestino e, ainda, aqueles relacionados ao coração e vasos sanguíneos, que são os cardiovasculares. “É importante ficar atento aos sintomas e procurar atendimento médico sempre que necessário.”
Como forma de prevenção, os pacientes devem se informar adequadamente sobre os componentes alergênicos de produtos e de alimentos que estão sendo ingeridos. Por isso, é importante ficar atento aos rótulos dos alimentos, afirma a médica Laura Brentini, residente da Divisão de Imunologia e Alergia Pediátrica do HC-FMRP. “Em relação aos alimentos embalados, os rótulos se tornam o principal meio de comunicação, pelo qual o fabricante pode informar o consumidor se tem ou não a presença daquele alérgeno. Com isso, nós devemos ficar sempre atentos aos rótulos para prevenir reações em pacientes que tenham alergia a determinado alimento.”
*Estagiária sob supervisão de Rose Talamone e Ferraz Junior