Ciência

Cérebro tenta prever melodia ao ouvir uma música, diz estudo

Enquanto processa as notas de uma música, neurônios específicos também antecipam quais serão as próximas que estão por vir. Confira o estudo
Imagem: Alireza Attari/ Unsplash/ Reprodução

Quando ouvimos música, alguns neurônios percebem as notas de uma melodia, enquanto outros antecipam quais notas virão em seguida. E como a ciência analisou esse tema? Confira abaixo.

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A música tem sido um ponto central para as culturas humanas há dezenas de milhares de anos, mas como nossos cérebros a percebem há muito tempo tem sido envolto em mistério.

Ouvir uma música é um momento de relaxamento, entretenimento e até mesmo ritualístico para algumas manifestações culturais. Mas, mesmo sem perceber, o cérebro está fazendo duas coisas ao mesmo tempo. 

Em primeiro, seguindo o tom da nota musical, assim como segue também o tom de uma fala. Em segundo, o cérebro também está antecipando qual será a próxima nota.

É essa a conclusão de um estudo publicado recentemente na revista Science Advances, que buscou compreender como a melodia é processada em nossa cabeça.

“Descobrimos que parte de como entendemos uma melodia está entrelaçada com como entendemos a fala, enquanto outros aspectos importantes da música ficam isolados”, explicou Edward Chang, autor da pesquisa.

Sempre um passo à frente

Para mapear o processamento da música pelo cérebro, pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco registraram a atividade cerebral direta do córtex auditivo de um grupo de voluntários enquanto eles ouviam melodias ocidentais. 

O mesmo foi feito quando os cientistas fizeram com que os participantes escutassem falas em inglês de uma conversa comum. Dessa forma, os pesquisadores descobriram que o cérebro estava usando os mesmos neurônios para avaliar o tom tanto na fala quanto na música.

Contudo, notaram que também há um conjunto especializado de neurônios que tentava prever quais notas viriam em seguida. Para isso, estava usando o que já sabia sobre padrões melódicos.

Em geral, a primeira função é executada por dois grupos de neurônios já conhecidos que dão sentido e emoção à fala. Já o terceiro grupo de células cerebrais foi descrito pela primeira vez no novo estudo.

De acordo com os pesquisadores, algo semelhante acontece na fala, com neurônios especializados atuando com base no que já aprendeu sobre palavras e seu contexto.

“Há um processamento de baixo nível das notas individuais da melodia, e depois esse processamento de alto nível, abstrato, do contexto dessas notas”, concluiu Chang, autor da pesquisa.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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