Cérebros de lulas e humanos se desenvolvem da mesma maneira, sugere estudo

Cientistas da Universidade Harvard saram câmeras de alta resolução para acompanhar o desenvolvimento embrionário de lulas. Veja o resultado
Cérebros de lulas e humanos se desenvolvem da mesma maneira, sugere estudo
Imagem: Kristen Koenig/Reprodução

Considerando a linhagem evolutiva, os humanos se separaram das lulas há pelo menos 500 milhões de anos. Mas, por mais que a aparência diga o contrário, esse afastamento não nos tornou tão diferente assim destes animais. Na verdade, os cérebros dos humanos e dos cefalópodes (lulas, polvos e náutilos) evoluíram da mesma maneira, mesmo sem nenhuma ligação próxima. 

Pelo menos, é o que mostra um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard, nos EUA, e publicado na revista Current Biology. Para chegar a tal conclusão, a equipe utilizou câmeras de alta resolução para observar embriões de lulas da espécie Doryteuthis pealeii, que possuem estrutura corporal transparente.

A equipe usou corantes fluorescentes para marcar um tipo de célula-tronco chamada célula progenitora neural. O objetivo era acompanhar o seu desenvolvimento dentro da retina do animal. 

Então, os cientistas viram as células progenitoras se organizarem em uma estrutura conhecida como epitélio pseudo-estratificado – uma estrutura longa e densamente compactada que se forma como uma etapa crucial no crescimento de tecidos grandes e complexos. Todo o processo era semelhante àquele visto para os epitélios neurais dos vertebrados.

Essa já foi considerada uma característica responsável por permitir que os animais com espinha dorsal desenvolvessem cérebros e olhos sofisticados. O fato agrega ao que os cientistas já conhecem sobre a grande variedade de microRNAs (pequenas moléculas que controlam como os genes são expressos) encontrada dentro do tecido neural de lulas, que também assemelha o animal ao humano.

Vale dizer que a ideia de que as lulas e os humanos poderiam ter desenvolvido o cérebro de maneira parecida não surgiu do nada. Os cefalópodes já são conhecidos por sua inteligência, sendo capazes de guardar memórias, usar ferramentas para resolver problemas, reagir com curiosidade a alguns estímulos e até mesmo sonhar. 

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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