Uma nova hipótese que paira na comunidade científica sugere que o desenvolvimento de cérebros maiores e intelecto superior tenha resultado no aumento no risco do surgimento de câncer em humanos. Valeu, cérebro.
A teoria é mais ou menos assim: geralmente células morrem de uma maneira controlada (chamada apoptose), o que permite que novas células substituam as antigas. O processo faz com que as células velhas com mau funcionamento sejam destruídas antes que elas saiam de controle e se transformem em tumores. Mas para fazer com que nossos cérebros crescessem mais, nossos corpos aprenderam a estender a vida das células, atrasando a apoptose e, com isso, aumentando o risco do desenvolvimento de câncer.
A nova teoria foi publicada na PLoS One e não é só um blablablá acadêmico sem muito fundamento. Na realidade, ela é apoiada por uma análise do ciclo de vida de células de humanos, chimpanzés e macacos. Os resultados apontam para o fato de que as células humanas se submetem à apoptose de maneira muito mais lenta — e, com isso, têm chances maiores de mutação.
Talvez compreensivelmente, alguns estudiosos alertam que a teoria deva ser encarada com pelo menos uma pitada de desconfiança. “Ela soa como uma descoberta experimental,” explica Todd Preuss do Centro Nacional de Pesquisa em Primatas, em Atlanta, Georgia, à New Scientist. “O que isso significa em um contexto mais amplo está aberto ao debate.” Parte do problema é que não há dados sistemáticos sobre as taxas de câncer em primatas não-humanos para comparação.
Ainda assim, a ideia está sendo levada a sério por muitos e pode ser de grande ajuda para explicar por que o câncer é um problema de saúde sério para pessoas do mundo inteiro. Esperamos que o câncer não nos elimine antes que nossos cérebros fiquem grandes o bastante para encontrar uma cura. [PLoS One via New Scientist]