Charlie Charlie: demônio mexicano, brincadeira de criança ou viral que deu certo?

O desafio Charlie Charlie levou crianças de uma escola de Manaus ao hospital, mas ele não passa de uma campanha de marketing para um filme de terror.

A lenda urbana do demônio mexicano Charlie deixou jovens perplexos e assustados — e até enviou alguns para hospitais. Mas a brincadeira que fez milhares de adolescentes compartilharem a hashtag #CharlieCharlieChallenge parece ser mais um viral de internet – desta vez feito para divulgar um novo filme de terror.

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A brincadeira se popularizou na internet nos últimos dias com a hashtag #CharlieCharlieChallenge — mais de dois milhões fizeram posts com ela nos dois primeiros dias. A brincadeira consistia em “invocar” um demônio chamado Charlie para que ele respondesse perguntas.

E para invocá-lo não é preciso matar um bode nem nada: os participantes desenham uma cruz no centro de uma folha de papel, escrevem uma resposta em cada quadrante e posicionam um lápis sobre o outro em cada uma das linhas. Criado altar de invocação, os participantes chamam pelo demônio mexicano Charlie dizendo a frase “Charlie, Charlie, você está aí?”. E aí, graças ao pequeno fenômeno da gravidade, o lápis superior se move, girando para uma das respostas escritas anteriormente.

A adrenalina de “invocar” um demônio e o susto causado pelo lápis mexendo “sozinho” talvez faça os participantes esquecerem deste pequeno detalhe que é a gravidade — e depois de passado o susto, eles, obviamente, correm para para postar o experimento na internet:

https://twitter.com/safxxa/status/603545535279079424

Mas alguém caiu nisso mesmo?

Caiu e caiu bastante. Além dos milhares postando a hashtag na internet, uma escola no Manaus, no Amazonas, por exemplo, foi um pouquinho além de apenas postar um vídeo com gritinhos — uma aluna fez a brincadeira do lápis e o desespero foi tanto que uma estudante precisou ser socorrida pelo SAMU.

No dia seguinte, a Polícia Militar cercou a escola enquanto pais, professores e o conselho tutelar discutiam o acontecimento. Você pode ver a reportagem sobre este caso em Manaus aqui.

Nós com mais idade, nascidos entre a década de 1980 e 1990, podemos não ver muita graça nesse desafio, mas nós também tivemos nossa #CharlieCharlieChallenge: a brincadeira do copo. Lembra dela? O medo, a adrenalina, tudo isso que a gente sentia fazendo a brincadeira do copo é igual ao que essa geração passa o desafio do demônio mexicano.

Ok, já sei que não é demônio, mas por que ela é tão popular?

Jovens. Precisa de algo mais que isso? Tentamos identificar a origem da brincadeira em outra matéria — descobrimos relatos sobre um fantasmas chamado Charlie em postagens pela internet datadas em 2008.

A BBC lembra que nunca existiu nenhum demônio chamado Charlie na mitologia mexicana. Os personagens dessa cultura têm, inclusive, nomes bem mais complexos, como Tlaltecuhtli e Tezcatlipoca. Nada do que descobrimos deixava muito clara qual era a origem da brincadeira. Até então.

Ao que tudo indica, o desafio não passa de uma campanha de marketing para divulgar o filme de terror A Forca — no filme, alunos são assombrados pelo espirito de um garoto que morreu dentro da escola anos atrás. E adivinha o nome dele? Charlie.

A Forca (The Gallows, 2015) tem a mesma produção de Jason Blum, produtor do primeiro Atividade Paranormal (2007). Ele estreia mês que vem nos EUA. Veja o trailer abaixo:

Hoje, precisamos desconfiar que tudo na internet é um viral. Porque no fim das contas, é bem provável que seja mesmo.

Imagem via CinematicAction/YouTube

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