O secretário-geral da OMM (Organização Meteorológica Mundial) — uma agência especializada da ONU (Organização das Nações Unidas) –, Petteri Taalas, “jogou a toalha” e disse que o planeta já não tem como conter o derretimento das geleiras e voltar aos níveis climáticos do século passado.
“Por causa da concentração já alta de dióxido de carbono, perdemos esse jogo de derretimento de geleiras e aumento do nível do mar”, afirmou em entrevista ao Sky News.
Segundo ele, o gelo derretido “nunca mais voltará”. Além disso, o aumento das temperaturas tende a continuar nos próximos milhares de anos, uma vez que a remoção natural de dióxido de carbono da atmosfera é muito lenta.
“Não há como voltar ao clima que tínhamos no século passado, então acabou. Vamos viver com essas consequências e temperaturas mais altas”, pontuou ele.
As afirmações contundentes de Taalas lançam preocupação sobre o Ártico e a Antártida. Em 8 de junho, uma nova edição da BAS (British Antarctic Survey) mostrou o recuo de grandes geleiras na Groenlândia e Svalbard por causa do derretimento.
Além disso, a região do Ártico está aquecendo até três vezes mais rápido que o resto do mundo. No estudo, os cartógrafos sugerem que esse aquecimento poderia acabar com o gelo marinho até meados de 2030 – uma década antes das previsões anteriores.
Por que a preocupação
Os pólos são como “refrigeradores” do planeta. Por isso, se encolhem, a superfície branca que reflete o calor vira água mais escura, que absorve as temperaturas mais altas e aceleram o aquecimento.
A consequência é o derretimento das calotas polares. E, quanto mais gelo derretido, mais alto o nível do mar. Isso piora a erosão nas costas e potencializa os efeitos das tempestades. A partir daí, é um efeito dominó de desastres ambientais e climáticos em todo o mundo.
Outra preocupação é o derretimento do permafrost – o solo que está congelado de forma permanente — e a posterior liberação de gases de efeito estufa na atmosfera. Na prática, a camada cobre 25% da superfície terrestre do hemisfério norte. O permafrost é responsável por quase metade de todo o carbono orgânico armazenado no solo do planeta.