Há exatos vinte e cinco anos, o céu desabou em uma cidade da Ucrânia. A usina nuclear de Chernobyl, um símbolo do triunfo humano sobre o átomo e o símbolo de uma nação, teve uma falha de sistema tão completa e tão devastadora que transformou o local em uma terra de ninguém de forma irreparável no dia seguinte. Explosões aconteciam. Fumaça radioativa pairava pelo céu. E 350 mil pessoas perderam suas casas para sempre.
Tudo começou com um teste de sistemas. A usina de Chernobyl estava há dois anos operando sem um plano sólido de backup caso um apagão acontecesse; os geradores levariam entre 60 e 75 segundos para alcançar a capacidade necessária para rodar o sistema de resfriamento de água, tempo demais para os padrões de segurança. Assim, como primeiro passo em um experimento que realocaria os suprimentos elétricos no Reator Quatro, os engenheiros diminuiram gradualmente a potência da usina.
Mas tudo começou a dar errado. A potência do reator ficou muito abaixo do esperado, intoxicando seu núcleo. Alarmes começaram a tocar e foram completamente ignorado. E apesar de o experimento ter sido completado como planejado, ele deixou um sistema completamente instável pelo caminho. Tão instável que quando um sistema de desligamento emergencial entrou em ação — por razões nunca explicadas — o pico de energia resultante causou um superaquecimento, que causou uma explosão catastrófica, rachou as barras de combustível, e mandou um fogo acinzentado, cheio de materiais radioativos mortais, direto para o ar.
Os trabalhadores de Chernobyl morreram em questão de minutos; o fogo dentro do Reator Quatro queimou por semanas. Aproximadamente 100 mil quilômetros quadrados foram contaminados pelo acidente, atingindo Belarus, Ucrânia e Rússia — e uma “zona de exclusão” com 30 quilômetros existe até hoje. Estima-se que 4 mil pessoas tiveram suas expectativas de vida diminuídas pela exposição radioativa. O caso continua sendo o maior desastre nuclear da história; mesmo com a tragédia nuclear japonesa, causada por um tsunami e que também foi classificado na escala 7 (máxima) pelo International Nuclear Event Scale, as ruínas deixadas em Chernobyl são mais assustadoras tanto em tamanho quanto em consequência. Hoje, 25 anos depois, ainda lembramos muito bem da seriedade do ocorrido. [Crédito da foto: Sergey Ponomarev/AP]