Com a chegada do 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China este mês – cuja liderança será trocada e diversos líderes sênior se aposentarão — a censura do país tem caído sobre tudo, desde a estranha companhia de compartilhamento de bonecas sexuais as mais mínimas críticas da mídia ao governo. Agora, com o início do congresso nesta quinta (18), o popular aplicativo chinês de mídias sociais WeChat começou a restringir como os usuários podem usar a plataforma em um esforço para evitar potenciais protestos.
Matthew Brennan, colaborador do ChinaChannel, notou que o app subitamente passou a impedir que os usuários modifiquem seus “avatares, apelidos e mensagens de status” até o final de outubro. A decisão efetivamente bloqueia um método simples e bastante comum de protesto nas redes sociais: mudar a foto do avatar para mostrar sinais de solidariedade aos ativistas.
Eve of the 19th party congress: WeChat suddenly announces users are blocked from changing avatars, nicknames and taglines till end of month pic.twitter.com/QoEMnY1eyF
— Matthew Brennan (@mbrennanchina) October 17, 2017
“Véspera do 19ª congresso do partido: WeChat subitamente anuncia que os usuários estão bloqueados de mudar o avatar, apelido e mensagem de status até o fim do mês”
Conforme apontado pelo TechCrunch, o WeChat já bloqueia discussões de termos politicamente sensíveis, e ano passado o app tomou a decisão de nem mesmo notificar os usuários quando suas mensagens são censuradas. É provável que o WeChat e outras redes sociais, como o site de mensagens curtas Sina Weibo (uma versão chinesa do Twitter) aumentarão seus esforços para agradar os censores até o fim deste mês, quando o congresso encerrar. O Weibo recentemente contratou 1.000 novos moderadores no empenho de deletar “conteúdo pornográfico, ilegal ou nocivo”, informou o Hong Kong Press. O Airbnb também cancelou anúncios em Pequim, onde o evento acontece.
Outros aplicativos de comunicação sofrem com a medida. Em setembro, o WhatsApp foi bloqueado no país e foi especulado que a medida também era uma forma de evitar protestos ao congresso do Partido Comunista. No período, usuários encontravam extrema lentidão e em julho, quando app foi bloqueado no país pela primeira vez este ano, usuários foram impedidos de compartilhar vídeos, fotos, mensagens de voz e arquivos pelo app.
É uma prática comum do governo chinês não bloquear por completo serviços de internet ou deixá-los lentos a ponto de serem inutilizados, o que obriga os usuários chineses a substituí-lo por outro app de mensagens que funcione, o que muitas vezes tende a ser o WeChat — o app trabalha em conjunto com o governo, sendo mais fácil para as autoridades identificarem e bloquearem usuários que possam incentivar protestos.
O Facebook, por sua vez, segue bloqueado em terras chinesas desde 2009 e o Instagram sequer chegou a ser disponibilizado no país. A China também proíbe que estrangeiros e grandes portais, incluindo o Weibo, façam live streaming dentro do país.
Além disso, desde o início de outubro provedores de internet na China são obrigados a manter informações da identidade real de cada usuário que comentar na internet. É a forma que o governo chinês encontrou para desencorajar o compartilhamento de “rumores falsos, linguajar chulo e mensagens ilegais”.
Imagem de topo: Michael Davis-Burchat/Flickr