China quer proibir produção e venda de veículos movidos a combustível fóssil

A China anunciou planos para dar fim à venda de todos os carros movidos a combustível fóssil. A Bloomberg noticiou no fim de semana que Xin Guobin, vice-ministro da Tecnologia da Indústria e da Informação, está finalizando um cronograma para encerrar a produção e a venda de carros a gás enquanto aumenta os incentivos para carros híbridos […]

A China anunciou planos para dar fim à venda de todos os carros movidos a combustível fóssil. A Bloomberg noticiou no fim de semana que Xin Guobin, vice-ministro da Tecnologia da Indústria e da Informação, está finalizando um cronograma para encerrar a produção e a venda de carros a gás enquanto aumenta os incentivos para carros híbridos e elétricos, embora não tenha anunciado nenhum prazo exato. A China tem há muito tempo incentivado carros elétricos (chamados de “Novos Veículos Energéticos” no país), introduzindo incentivos fiscais a novos compradores e planejando 100 mil novas estações de carregamento só em 2017.

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A China é a maior exportadora de carros no mundo. Existem 160 milhões de carros nas estradas chinesas, e os 28 milhões de carros novos vendidos no país em 2016 representaram quase um terço de todas as vendas de carro no mundo inteiro. Não há indicação exata de quando a proibição vai começar a valer, mas proibições de combustível fóssil parecidas na França e no Reino Unido determinaram um prazo de até 2040. A Xinhua, agência de notícias que relatou o anúncio de Guobin, teve como fontes especialistas que também estimaram 2040, cautelosos com os impactos econômicos que reverberariam de uma transição muito apressada. Em abril, o governo disse que esperava que até 2035 um quinto de todos os veículos vendidos fosse elétrico, estimulando um crescimento enorme entre fabricantes de carros nacionais. Sem dúvidas, o novo foco da China vai estabelecer o teor de toda a conversa global em torno de veículos elétricos por vários anos.

Ainda assim, é importante lembrar que carros elétricos não são completamente livres de emissão de carbono. Primeiro, leve em consideração as estações de carregamento. Elas podem ser elétricas, mas se forem abastecidas a partir de uma rede a base de carvão ou combustível fóssil, seu impacto ambiental ainda é comparável ao de carros tradicionais. Além disso, o processo de manufatura está longe de ser um processo sem emissão de carbono, muito menos o transporte de veículos pelo país ou internacionalmente, para colocá-los à venda.

O anúncio desse cronograma para acabar com a produção de veículos a gás na China retoma compromissos antipoluição parecidos, conforme o país acelera sua transição para longe dos combustíveis fósseis. Anteriormente, a China tinha anunciado planos de cortar até 500 mil cargos na indústria siderúrgica e, como parte de seus compromissos com o Acordo de Paris, limitar suas missões de CO2 em 2030, quando atingiria seu ponto máximo, então diminuindo continuamente depois disso. A China já tem recordes mundiais de investimentos em energias solar e eólica.

O sistema de loteria do país na emissão de placas provavelmente será essencial para a transição automobilística. Em certas cidades na China, motoristas precisam adquirir placas por meio de um notoriamente difícil sistema de loteria, com a taxa de sucesso chegando a um pedido atendido a cada 735 feitos em Pequim. Além disso, as placas são emitidas para uso local apenas, o que significa que aqueles dirigindo por longas distâncias provavelmente vão ser multados. Carros elétricos, no entanto, são eximidos de grande parte do processo.

Dito isso, a energia dos carros elétricos e híbridos é claramente o futuro para os automóveis, e a China está se posicionando bastante à frente dos Estados Unidos, por exemplo. O país vendeu aproximadamente 350 mil carros elétricos em 2015, mais do que o dobro que os Estados Unidos no mesmo período. Além disso, mais da metade das vendas domésticas nos EUA aconteceu na Califórnia, onde os motoristas recebem descontos e incentivos fiscais para novas compras.

Recentemente, Volkswagen e Mercedes-Benz anunciaram seus planos de acabar com a produção de carros abastecidos por combustíveis fósseis. A primeira colocou 2030 como prazo para oferecer versões elétricas para todos seus carros, enquanto a segunda o fará a partir de 2022, juntando-se a um grupo que já conta com montadoras como Jaguar Land Rover e Volvo.

Alemanha e França também já tornaram públicos seus projetos de proibição de carros com combustíveis fósseis, e, no Brasil, um projeto de lei, de autoria de Ciro Nogueira (PP-PI), propõe mudança no Código de Trânsito Brasileiro para acabar com a comercialização e a circulação de automóveis movidos a combustíveis fósseis.

[Bloomberg]

Imagem do topo: AP

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