Na última quarta-feira (8), Elon Musk comemorou em sua conta no X, antigo Twitter, o aniversário de 100 dias desde o primeiro implante em humano do chip cerebral da sua empresa, a Neuralink.
Na postagem, o bilionário compartilhou a publicação da conta oficial da corporação, que inclui um link para um resumo do progresso do experimento.
Successful 100 days with first human implant of @Neuralink https://t.co/RHU0PjlK1i
— Elon Musk (@elonmusk) May 9, 2024
No documento, a empresa conta que o chip cerebral se comportou de maneira inesperada nas semanas logo após o implante.
“Nas semanas seguintes à cirurgia, vários fios se retraíram do cérebro, resultando em uma diminuição líquida no número de eletrodos eficazes. Isso levou a uma redução no BPS”, escreveu a Neuralink, em comunicado.
BPS é a sigla para o termo bits por segundo, que se refere a uma medida utilizada para quantificar a velocidade de transmissão de dados em sistemas de comunicação.
Dessa forma, o defeito no chip da Neuralink parece ter afetado os sinais que o cérebro de Noland Arbaugh, quem recebeu o primeiro implante, enviava com os comandos para a interface do usuário.
Em resposta a essa mudança, modificamos o algoritmo de gravação para ser mais sensível aos sinais da população neural, melhoramos as técnicas para traduzir esses sinais em movimentos do cursor e aprimoramos a interface do usuário. Esses refinamentos produziram uma melhoria rápida e sustentada no BPS, que agora substituiu o desempenho inicial da Noland.
Com o problema aparentemente superado, Musk comemora o 100 dia após o implante do chip cerebral como um sucesso. No comunicado da Neuralink, o participante do estudo afirma que conquistou autonomia para atividades do dia-a-dia que, por ser tetraplégico, exigiam que ele tivesse um acompanhante.
O que pode ter acontecido
De acordo com o que especialistas em implantes cerebrais disseram à Bloomberg, o chip da Neuralink fica dentro dos ossos do crânio, não na superfície do tecido cerebral. Contudo, o cérebro se move dentro do espaço intracraniano, segundo apontou Eric Leuthardt, neurocirurgião da Escola de Medicina da Universidade de Washington.
“Apenas balançar a cabeça ou movê-la abruptamente pode causar perturbações de vários milímetros”, explicou à Bloomberg. Dessa forma, os eletrodos podem ter se movimentado, retraindo os fios que se conectam a eles.
Por isso, experimentos do tipo costumam instalar os implantes no topo do tecido cerebral. Leuthardt acredita que os testes realizados em animais não entregaram a falha antes porque, como o cérebro dos bichos é menor que o humano, os eletrodos não se deslocam tanto.
Próximos passos
De acordo com o comunicado da Neuralink, sua equipe está trabalhando em melhorias no sistema. Além disso, também pretende ampliar o uso dos chips cerebrais para o mundo físico, em conjunto com braços robóticos e cadeiras de roda, por exemplo.
Por enquanto, a empresa busca aprovação da FDA (Food and Drug Administration, que equivale a Anvisa nos EUA) para implantar mais chips cerebrais em humanos.