Esse chip SIM envia todos os dados móveis pela rede Tor para garantir privacidade
Está cada vez mais difícil de se esperar alguma privacidade quando se está navegando na internet. Por isso, uma organização sem fins lucrativos do Reino Unido está trabalhando para desenvolver o poder da rede anônima Tor no coração do seu smartphone.
A Brass Horn Communications está experimentando diversas maneiras de melhorar a usabilidade do Tor para moradores do Reino Unido e uma deles envolve um cartão SIM (chip de telefone).
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Antes, uma rápida explicação sobre a rede: o pacote do Tor Browser para PCs pode ajudar a bloquear o seu endereço IP de bisbilhoteiros e companhias de coletas de dados. Não é uma solução para bloquear qualquer tipo de rastreio e pessoas que utilizam a rede para atividades altamente ilegais ainda podem ser pegas, mas o sistema basicamente envia os seus dados por diversos nós da rede para anonimizar a atividade dos usuários – e isso já basta para a maioria das pessoas.
A rede pode ajudar usuários a navegar na web em países com firewalls restritivos e fazer com que tenhamos mais privacidade no geral. O problema é que trata-se de um aplicativo suscetível ao erro dos usuários, especialmente em celulares. A Brass Horn espera mudar isso.
O fundador da companhia, Gareth Llewelyn, disse ao Motherboard que sua organização tem como objetivo “mandar um dedo do meio para a filtragem de dados móveis e vigilância em massa”. Llewelyn tem se irritado com o esforço implacável do governo do Reino Unido para aprovar uma legislação que permita a vigilância e enfraqueça a criptografia. Junto de seus esforços para desenvolver mais nós do Tor no Reino Unido para aumentar a velocidade limitada da rede, Llewelyn está testando um cartão SIM que automaticamente manda os seus dados de navegação via Tor e evita que as pessoas naveguem acidentalmente sem proteção.
Atualmente, a opção primária para os usuários dos smartphones que querem usar o Tor Browser ainda está em versão alpha. Além disso, é preciso usar um outro software, chamado Orbot, para filtrar a sua atividade em apps dentro da rede. Apenas aplicativos que possuem funcionalidade de proxy, como o Twitter, são compatíveis. Além disso, a opção está disponível apenas para usuários do Android.
Para usar o cartão SIM da Brass Horn ainda é preciso ter o Orbot instalado. A ideia é que você não consiga acessar a internet se não estiver dentro da rede Tor. É preciso fazer algumas poucas configurações, que são ensinadas pela própria companhia, e a partir daí eles garantem proteção por meio das diversas camadas do Tor.
Em um e-mail ao Gizmodo, Llewellyn disse que ele não recomenda usar o chip em aparelhos com slots para dois chips. Segundo ele, o objetivo do projeto é que o usuário “não consiga enviar acidentalmente alguns pacotes pela a Clearnet (a internet não criptografada). Queremos proteger a privacidade das pessoas, anonimizar e/ou proteger. Se alguém usa um celular com dois chips, o sistema deixaria de ser à prova de falhas e isso não seria recomendável”.
É claro que se uma pessoa quiser muito usar dois SIMs, ainda é possível fazer a coisa funcionar.
Não há proteção enquanto você está no Wi-Fi também. Mas no geral, o projeto oferece um caminho para jornalistas, ativistas e usuários extremamente cuidadosos para que se sintam sempre protegidos.
O chip age como um provedor e a Brass Horn basicamente funciona como uma operadora de rede móvel virtual (MVNO, na sigla em inglês), que se vale de outras redes. O site do serviço Oniong3G destaca o fato de ser a “operadora mobile mais segura” por fazer a ponte entre “endereços de IP privados a endpoints remotos que, se por um acaso ‘vazarem’, não identificarão você ou a Brass Horn Communications como sua operadora”. O plano custa £2,00 (R$ 9,50 na cotação atual) por mês e £0,025 (R$ 0,12) por megabyte usado na rede.
Um porta-voz do Tor Project disse ao Gizmodo que eles não estão envolvidos com o projeto e que proteger dados móveis pode ser algo difícil. “Isso parece ser uma maneira interessante e criativa para lidar com a privacidade, mas ainda exige que se tenha muita confiança de que sua operadora irá assegurar que nenhum vazamento aconteça”, disse.
É possível obter informações sobre a versão beta desse chip neste link. A Brass Horn espera que o seu cartão SIM esteja disponível para o público geral no Reino Unido no ano que vem. É uma boa ideia esperar até que haja alguma pesquisa independente sobre o serviço. Ainda assim, trata-se de uma ideia interessante que pode abrir caminho para um modelo de atuação similar em outros países.
Imagem do topo: Wikimedia