Chuva recorde no Litoral Norte de São Paulo: como se calcula o volume de água

Chuva forte no litoral de São Paulo soma um dos maiores volumes de água em 24h da história do país; há 47 mortos e mais de 750 desabrigados
Chuva recorde no Litoral Norte de SP: como se calcula o volume de água
Imagem: Exército Brasileiro/Twitter/Reprodução

Com 682 milímetros (mm) de chuva em 24 horas, o temporal que atingiu o Litoral Norte de São Paulo entre sábado (18) e domingo (19) representa um dos maiores volumes de água já registrados no país. 

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O temporal deixou mais de 750 desabrigados e causou a morte de 47 pessoas. Outras 49 seguem desaparecidas. O número de óbitos supera a tragédia de Franco da Rocha, que matou 18 pessoas em 2022. À época, o acumulado de chuvas foi de 70 milímetros em 24 horas.

Veja a quantidade de chuva em cada uma das cidades do litoral norte de São Paulo atingidas pelo temporal, segundo registro do Governo de SP.  

  • Bertioga: 682 mm 
  • São Sebastião: 626 mm 
  • Ilhabela: 337 mm 
  • Ubatuba: 335 mm 
  • Caraguatatuba: 234 mm 

O equipamento responsável pela contagem dos milímetros de chuva é o pluviômetro, instalado com mais frequência em centros de observação meteorológica ou mesmo residências, especialmente da zona rural. 

Cada milímetro de chuva contado pelo pluviômetro equivale a um livro de água despejado em uma área de 1 metro quadrado. Em termos práticos, se uma casa tem um telhado de 10 metros quadrados e o pluviômetro marcar 20 mm após 1h de chuva, isso quer dizer que quase 200 litros de água caíram sobre a casa na última hora. 

A média de precipitação esperada para todo o mês de fevereiro no litoral norte de SP é de 225 mm. Com a frente fria, choveu três vezes mais em 24h do que o esperado para 28 dias.

Outros recordes de chuva no Brasil 

Diferentes órgãos registraram recordes de chuva em 24h nos últimos anos. O último registro do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) pertencia à cidade de Petrópolis (RJ), que recebeu 534,4 mm de chuva em 2022. 

Já o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) estabeleceu como recorde diário os 404,8 mm que caíram em Florianópolis em 1991. Outro caso de chuva intensa é o de Caraguatatuba, também no litoral norte de São Paulo. Em 18 de março de 1967, um temporal causou desmoronamentos nas encostas e soterrou centenas de casas. 

Há confirmação de 487 mortes, mas tudo indica que o número de óbitos é muito maior, pois muitos desaparecidos nunca foram encontrados. Até hoje não se sabe ao certo qual foi o volume de chuva na ocasião. À época, o pluviômetro – equipamento usado para medir o acumulado de chuva – comportava até 400 mm de água, mas ele transbordou. 

“Não se sabe quanto choveu, mas pela magnitude dos estragos, parece ter sido muito pior que isso que aconteceu no final de semana”, disse Marcelo Seluchi, meteorologista e coordenador do Cemaden, ao G1

No feriado de 2022, o alerta de chuvas para o Sudeste já vinha desde o final de janeiro, mas não em quantidade tão extrema. A precipitação ganhou intensidade depois do encontro de uma frente fria vinda do sul do país com uma área de baixa pressão atmosférica, o que facilitou a formação de nuvens. Em seguida, a baixa pressão intensificou os ventos e aumentou o nível do mar, dificultando o escoamento da água. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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