Uma pesquisa coordenada em Israel pode ter encontrado uma explicação científica para um dos milagres mais famosos de Jesus Cristo. O da multiplicação de pães e peixes. Ou, mais especificamente, dos peixes. O material foi publicado no final de outubro na revista científica Water Resources Research e liderado pelos pesquisadores Yael Amitai e Ehud Strobach.
Como a Bíblia relata a multiplicação dos peixes
De acordo com a Bíblia, na primeira das duas vezes em que o milagre acontece, Jesus alimenta cerca de quatro mil pessoas apenas com cinco pães e dois peixes. Então, os pesquisadores buscam compreender o que pode ter levado à “multiplicação” de um ponto de vista científico.
Segundo a ciência, pesquisas recentes relacionam a história a um fenômeno natural no Mar da Galiléia, ou Lago Tiberíades, em Israel. O curioso fenômeno da “matança de peixes” deixa grandes quantidades deles mortos perto da costa, o que poderia explicar a abundância dos animais.
Ao que tudo indica, esse fenômeno resulta de um processo de “ressurgência”, que ocorre quando água pouco oxigenada de camadas profundas sobe à superfície devido a ondas internas provocadas pelos ventos.
Ele acontece preferencialmente no verão. É quando o lago se estratifica em camadas: uma quente, na superfície; uma fria, no fundo; e, enfim, outra intermediária, com forte gradiente de temperatura. Assim, quando as camadas se misturam, os peixes ficam presos em águas pobres em oxigênio, e sufocam na superfície.
Ou seja, a morte de peixes, que os concentra próximo à costa devido à ressurgência, pode ter relação com as histórias bíblicas de mais de dois mil anos. De acordo com os autores, a localização e as condições climáticas poderiam aumentar a propensão ao evento.
Outros casos de ressurgência, fenômeno que explica o “milagre de Jesus”
Embora o fenômeno seja raro no Lago Kinneret (outro nome para o Mar da Galiléia), casos recentes foram documentados em 2012, 2007 e na década de 1990. Eles, aliás, aconteceram sempre perto da cidade de Tabgha, área ligada aos milagres.
Além disso, casos semelhantes ocorreram em outros locais, como o Lago Erie, entre o Canadá e os Estados Unidos, e o estuário do Rio Neuse, na Carolina do Norte.