Cientistas cultivam plantas em solo lunar trazido durante as missões Apollo
Um trabalho liderado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos EUA, mostrou que, sim, é possível cultivar plantas em solo lunar. Ninguém viajou até o satélite para fazer o experimento. Na verdade, o cultivo foi realizado a partir de amostras trazidas durante as missões Apollo, nas décadas de 1960 e 1970.
Os cientistas usaram pequenos recipientes do tamanho de dedais para plantar sementes de Arabidopsis thaliana, uma espécie de agrião nativa da África e Eurásia. Foi colocado em cada mini vaso um grama de regolito lunar, somado a nutrientes e água. A fins de comparação, uma parte das sementes foi cultivada em solo simulado, feito a partir de cinzas vulcânicas terrestres.
O agrião “thale”, como é chamado, não é usado na culinária e nem mesmo considerado saboroso. Ele foi escolhido por ser uma planta que já teve seu código genético mapeado, o que permite aos cientistas estudar como o solo lunar afeta sua expressão genética. Por outro lado, ele é da mesma família de plantas como o brócolis, a couve e a couve-flor, podendo sugerir como seria o crescimento destas outras verduras.
Os resultados do estudo, publicado na revista científica Communications Biology, foram animadores. Todas as plantas brotaram da mesma forma, independentemente de estarem no regolito lunar ou no solo simulado.
Mas as diferenças começaram a surgir uma semana depois. As mudas cultivadas em solo extraterrestre estavam crescendo mais lentamente quando comparadas às plantas em cinzas vulcânicas. Além disso, as raízes do agrião atrofiaram e algumas das folhas ficaram com pigmentos avermelhados – um sinal externo de estresse.
Apesar do estresse, as plantas não morreram. O trabalho foi animador para os pesquisadores, que devem continuar realizando estudos para descobrir formas de tornar os brotos mais resistentes.
Estudar o cultivo de plantas em solo lunar é imprescindível para os cientistas, que pretendem desenvolver estações espaciais no satélite. O objetivo é que essas estruturas sejam utilizadas como bases de lançamento para missões no espaço profundo.