Ciência

Cientistas identificam duas proteínas do sangue ligadas à Covid longa

Ambas são proteínas ligadas à coagulação sanguínea; pacientes com níveis elevados delas apresentaram mais problemas cognitivos
Imagem: ANIRUDH/ Unsplash/ Reprodução

Névoa cerebral, dificuldade de concentração e problemas de memória são sintomas comuns em pessoas que tiveram Covid-19. Esses e outros sinais ficaram conhecidos como parte do que se chama de Covid longa.

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No entanto, ainda não está claro por que algumas pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 desenvolvem problemas cognitivos. Por isso, descobrir o que desencadeia esses sintomas e como diagnosticar a Covid longa tem sido um desafio para pesquisadores da área. 

Agora, um estudo publicado na Nature Medicine identificou duas proteínas que podem estar relacionadas ao quadro.

Entenda a pesquisa

Outros estudos já buscaram compreender os mecanismos da Covid longa e revelaram vários possíveis culpados: a coagulação sanguínea excessiva, a inflamação descontrolada e a persistência do vírus Sars-CoV-2 no corpo. 

No entanto, o novo estudo se concentrou em desvendar o que gera os déficits cognitivos da condição. Para encontrar possíveis biomarcadores deste problema, os pesquisadores analisou  informações de 1.800 adultos hospitalizados com SARS-CoV-2 no Reino Unido entre 2020 e 2021.

Os participantes fizeram exames de sangue ao serem hospitalizados, após 6 meses e depois de 12 meses de internação. Além disso, também responderam a questionários e fizeram testes cognitivos.

Como resultado, a equipe descobriu que níveis altos de fibrinogênio e de D-dímero no sangue tinham relação com a gravidade dos sintomas cognitivos relatados. Ambos biomarcadores são proteínas ligadas à coagulação sanguínea.

Na pesquisa, pessoas com níveis acima da média de fibrinogênio no momento da hospitalização tiveram pontuações piores em testes de memória e atenção. Após 6 meses, o grupo com alto nível da proteína também avaliou seus problemas cognitivos como cerca de 0,7 pontos piores que dos outros participantes.

Níveis elevados de D-dímero também foram preditivos de problemas cognitivos em 6 meses e 12 meses após a internação por Covid-19. Essas pessoas também eram mais propensas a relatar fadiga e dificuldade para respirar.

Resultados reforçam estudos anteriores

Em geral, esta não é a primeira vez que fibrinogênio e D-dímero estão relacionados ao Covid-19. Estudos anteriores encontraram níveis elevados das proteínas, juntamente com coagulação excessiva, em pacientes hospitalizados. 

Pesquisas pré-pandêmicas também relacionaram fibrinogênio alto a problemas cognitivos e demência. Por isso, em conjunto com pesquisas anteriores, novo o estudo apoia a teoria de que coágulos sanguíneos desencadenados pelas fases agudas da Covid-19 podem levar a sintomas persistentes, como o nevoeiro cerebral.

As descobertas são um avanço importante para a compreensão dos cientistas sobre como a Covid longa se desenvolve, mas ainda não estabelece exatamente como as proteínas podem causar os danos. 

Além disso, ainda não está claro se as associações dessas proteínas sanguíneas se manterão para pacientes infectados mais recentemente. Contudo, as descobertas provavelmente estimularão mais pesquisas sobre os biomarcadores e a Covid longa.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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