Ciência

Cientistas querem usar CRISPR para evitar avanço da doença de Chagas

Em novo estudo, pesquisadores utilizaram edição de genes por CRISPR para alterar características do bicho barbeiro, vetor da doença de Chagas
Inseto: Wikimedia Commons/ Reprodução

Vetor da doença de Chagas, o bicho barbeiro é o principal alvo para controlar a disseminação da condição. Além dos métodos tradicionais, como uso de inseticidas e repelentes, pesquisadores acreditam que a edição genética com método CRISPR pode facilitar o combate ao inseto.

“As pessoas têm tentado fazer CRISPR e engenharia genética em percevejos triatomíneos por muito tempo, mas ninguém conseguiu fazer porque os métodos tradicionais são muito difíceis nesses insetos”, explica Jason Rasgon, coautor do novo estudo.

Por isso, ele e uma equipe de pesquisadores passaram os últimos seis anos desenvolvendo ferramentas que permitem modificar geneticamente organismos difíceis, como o bicho barbeiro. E, ao que tudo indica, conseguiram.

Em novo estudo publicado na revista The CRISPR Journal, os cientistas demonstraram que é possível fazer alterações genéticas no vetor da doença de Chagas, ainda que as mudanças testadas não tenham propriamente o objetivo de combate do inseto.

“Nossa tecnologia tem o potencial de tornar a edição de genes mais eficiente, mais fácil e mais barata em uma ampla gama de animais”, afirma Rasgon.

Entenda a pesquisa da doença de Chagas do The CRISPR Journal

Geralmente, a edição de genes é feita por meio de microinjeções com o material CRISPR diretamente nos embriões. Contudo, os ovos do bicho barbeiro são duros para perfurar.

Por isso, os pesquisadores desenvolveram uma tecnologia chamada Transdução de Ovário Mediada por Receptor de Carga ou ‘ReMOT Control. Ela consiste em injetar os materiais diretamente no sistema circulatório da mãe e guiar esse material para os ovos em desenvolvimento.

No teste do método em bichos barbeiros, eles tentaram alterar os genes associados à cor dos olhos e da cutícula. Então, eles injetaram o CRISPR para edições genéticas na fêmea do inseto e, por fim, observaram que sua prole tinha as alterações desejadas. 

Avanço na ciência

De acordo com os pesquisadores, o avanço permite que a comunidade científica passe a conversar sobre a edição genética com CRISPR para o controle da doença de Chagas. Mas não só.

“Isso tem importantes implicações para a pesquisa básica”, explica Rasgon. Em geral, os bichos barbeiros são um sistema modelo para estudar a fisiologia dos insetos. 

Dessa forma, o novo método permitirá aos cientistas investigar questões biológicas fundamentais sobre esse tipo de animal e a transmissão de doenças.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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