Cientistas treinam robôs para limpar resíduos de Chernobyl; veja fotos

Em certas áreas da antiga usina, os níveis de radiação ainda permanecem até 40 mil vezes mais altos do que o normal. É nesse lugares onde as máquinas podem ser mais úteis.
Imagem: SSE Chornobyl NPP

Tudo indica que algum dia poderemos escalar robôs para a complexa tarefa de descartar o lixo nuclear de usinas.

Recentemente, cientistas da Universidade de Bristol, na Inglaterra, que estão trabalhando nessa área fizeram uma visita a alguns dos locais mais contaminados na instalação nuclear abandonada de Chernobyl, na Ucrânia.

Imagem: SSE Chornobyl NPP

Os pesquisadores estão ajudando a desenvolver novas tecnologias — incluindo o uso de um cão-robô da Boston Dynamics — para lidar com resíduos radioativos.

Tudo começou na sala de controle que desencadeou o desastre há 25 anos. Em 1986, um colapso do reator matou duas pessoas em uma explosão. Mas os efeitos mais implacáveis vieram com o espalhamento da radiação. Foram 28 vítimas por síndrome de radiação aguda e 15 de câncer infantil de tireoide — além de ​​milhares de cidadãos expostos à radiação intensa.

Imagem: SSE Chornobyl NPP

Agora, os cientistas esperam que o local do desastre possa servir de campo de testes para o treino de robôs, programados para ajudar humanos a ficarem seguros no processo de desativação — algo que ainda requer o máximo de cuidado.

A equipe trabalhou amplamente no que é conhecido como Novo Confinamento Seguro (NSC).

O lugar é considerado um dos melhores para treinar os robôs para mapear e medir radiação. Algumas estimativas dizem que os níveis permanecem até 40.000 vezes acima do normal na sala de controle do Reator 4 — o que explodiu.

Imagem: SSE Chornobyl NPP

É a segunda vez que a equipe de Bristol visita Chernobyl — a primeira foi no ano passado. Os pesquisadores dizem ter ficado surpreendidos com a intensidade de radiação no local.

“Alguns dos equipamentos que trouxemos conosco da primeira vez, por exemplo, como certos detectores de radiação, saturavam quando eram usados no NSC e não conseguiam registrar dados significativos”, disse Tom Scott, líder do grupo, em um vídeo sobre o projeto.

Imagem: SSE Chornobyl NPP

“Desta vez, um ano depois, pudemos refinar a tecnologia, refinar o equipamento”, explicou.

Scott também explicou que a ideia não é só treinar os robôs para medir a radiação do local, mas também poder contar com o auxílio deles para criar um mapa 3D da área. A partir desse mapa será possível coletar dados, que podem ajudar a descobrir com mais precisão a propagação e a localização da radiação.

Imagem: SSE Chornobyl NPP

Os pesquisadores também realizaram testes fora da instalação nuclear, nos 2.600 quilômetros quadrados de terras abandonadas na Zona de Exclusão de Chernobyl (CEZ), criada nos anos após o acidente para manter os humanos longe de radiações.

Apesar de ainda apresentar riscos a saúde, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky declarou a região uma atração turística oficial em 2019 — em parte, graças ao aumento do interesse após a minissérie de Chernobyl da HBO. O hype foi tamanho que o governo chegou até mesmo a abrir a sala do Reator 4, que antes era proibida para turistas.

Entretanto, entrar no local não é tão simples. A pessoa só podia ficar até 5 minutos e, após a visita, precisa fazer testes de radiação. A radiação da região ainda pode ser imprevisível — ela se aglomera em “pontos quentes” — e pode aumentar se terra for “perturbada”.

Um exemplo: no ano passado, tiveram dois incêndios florestais no CEZ. Os bombeiros que estiveram no local mediram a radiação nas chamas de detectaram um número 16 vezes maior que os níveis normais.

À medida que os incêndios florestais se espalham mais na região (em parte devido às mudanças climáticas), o risco de propagação da radiação também aumenta. De acordo com um estudo feito em 2016, os incêndios florestais no CEZ de 2015 espalharam partículas radioativas por toda a Europa Oriental.

A equipe de pesquisa espera que os robôs e a IA possam ajudar a examinar e avaliar rapidamente quaisquer mudanças perigosas que possa ocorrer repentinamente.

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Os treinamentos dos robôs não valem só para Chernobyl, mas também para outros depósitos de lixo nuclear pelo mundo. Fukushima, por exemplo, onde a usina nuclear de Daiichi derreteu em 2011, após um terremoto e tsunami, poderá se beneficiar do uso dessas tecnologias. O dono do local já até usou robôs lá, mas até agora todos foram literalmente fritos pela radiação.

 

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