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Cinco motivos para robôs humanoides algum dia travarem as nossas guerras

Os robôs já estão oficialmente nos campos de batalha – veículos aéreos não-tripulados como o Predator e o Reaper patrulham os céus enquanto robôs militarizados de remoção de bombas como o Talon detonam explosivos no solo. Mas onde estão os humanoides? O roboticista e autor Daniel H. Wilson defende os exércitos de robôs humanoides.

Os robôs já estão oficialmente nos campos de batalha – veículos aéreos não-tripulados como o Predator e o Reaper patrulham os céus enquanto robôs militarizados de remoção de bombas como o Talon detonam explosivos no solo. Mas onde estão os humanoides? O roboticista e autor Daniel H. Wilson defende os exércitos de robôs humanoides.

Um robô humanoide é um robô multitarefa que se parece bastante com uma pessoa, completo com cabeça, tronco, braços e pernas. O humanoide “completo” pode andar sobre duas pernas, como uma pessoa, e usar as suas mãos para manipular habilmente objetos no mundo.

Os protótipos atuais como o Honda ASIMO podem servir chá e educadamente cumprimentar seus mestres humanos, mas baseado em alguns grandes filmes de ficção científica, robôs humanoides são feitos para aterrorizar no campo de batalha – endosqueletos andarilhos de titânio esmagando crânios humanos e dizimando aqueles irritantes humanos com enormes metralhadoras Gatling.

Será que algum dia veremos um exército de robôs humanoides? Eu acho que sim e eis os meus cinco principais motivos.

1) Existe uma relação direta entre o humano e o corpo do humanoide
Robôs ainda não são suficientemente inteligentes para atuar sem supervisão. É por isso que soldados humanos controlam veículos aéreos não-tripulados a milhares de quilômetros de distância brincando com seus joysticks. Não é fácil, mas guiar um avião pelo espaço vazio é brincadeira de criança comparado com manobrar um robô terrestre por meio de escombros e destroços. E se você precisar fazer algo mais complicado que apenas subir na calçada, tipo desarmar uma bomba?

Isso se chama telepresença. Com a telepresença, uma pessoa tem a sensação de ser o robô ao controlar o corpo dele e enxergar pelos seus olhos. Robôs com formato humano são infinitamente mais fáceis de manipular porque existe uma relação direta entre homem e máquina. Em vez de mexer um joystick pouco intuitivo, você desliza as suas mãos por luvas que transferem os movimentos dos seus dedos para os dedos do robô a milhares de quilômetros de distância. Agora você coloca as suas habilidades humanas pra trabalhar sem jogar o seu na reta.

2) Robôs humanoides se aproveitam de equipamentos e ambientes humanos
Nada melhor que um tanque para atravessar o deserto, mas e atravessar a sala de estar? Toda cidade humana é projetada para um tipo bem específico de animal: homo sapiens. Nós humanos existimos em uma faixa bem específica de tamanhos e pesos e os nossos ambientes tendem a ter limites específicos de temperatura, vibração e ruído – tudo isso simplificando o problema de se projetar um robô. Humanoides são naturalmente aptos a navegar por ambientes projetados para humanos; eles podem andar por portas, subir escadas e enxergar sobre bancadas e móveis.

Junto com nossas cidades, a maior parte dos equipamentos militares é projetada para uso por humanos. isto significa que um robô humanoide pode vestir e usar camuflagem, botas e armaduras humanas. Além disso, ele é capaz de disparar armas padrão, descartando a necessidade de armamentos especialmente projetados. Humanoides também podem potencialmente pilotar veículos humanos. Em vez de criar um veículo autônomo do zero, basta colocar um robô humanoide no assento do piloto de um veículo padrão. E quando um pelotão de robôs está avançando sob fogo, sempre é bom ser capaz de utilizar armamentos do inimigo e improvisar. A infraestrutura está lá e os robôs humanoides poderiam explorá-la.

3) Robôs humanoides são mais fáceis de treinar
A guerra é algo bastante improvisado e isto significa aprender novos truques em movimento. Assim, como você ensina um robô camarada a desarmar um novo tipo de mina terrestre fabricada com latinha de Nescau? Sem um diploma de engenharia, provavelmente você não conseguiria. Mas com um robô humanoide, abordagens de treinamento intuitivo estão disponíveis para soldados regulares. Um método fácil porém tedioso é fisicamente empurrar os membros do robô por meio de uma sequência adequada de movimentos. Alternativamente, você pode assumir o controle direto usando a teleoperação e depois executar a atividade você mesmo. O robô então só precisará se lembrar de como foi que você fez.

No entanto, o ideal é um robô ser treinado exatamente como uma pessoa – observando. Robôs que aprendem pela demonstração podem ser rapidamente treinados por pessoas comuns que não falam robotês nem sabem programar. Isso porque é assim que nós aprendemos uns dos outros. O treinador simplesmente executa a tarefa (por exemplo, uma voadora seguida de chave de braço) e o robô assiste e intui como reproduzi-la. Humanoides são muito melhores para aprender por demonstração graças à proporção direta entre o seu corpo e o dele.

4) Trabalho em equipe é mais fácil entre humanos e humanoides
É bastante duvidoso que exércitos de robôs operarão de maneira inteiramente autônoma no futuro próximo. Equipes robô-humano provavelmente serão a norma, como o são atualmente. Portanto, é importante certificar-se de que aliados humanos e robôs possam trabalhar em conjunto sem um pisar no calo do outro. E isto significa que eles precisam ter boa comunicação.

Equipes humanas de combate se comunicam e cooperam usando linguagem e gestos e prestando atenção às emoções e expressões faciais um do outro. Guerreiros robóticos que reconhecem a linguagem corporal humana poderão tomar decisões rápidas em ambientes barulhentos e perigosos. E, possivelmente ainda mais importante, um soldado humano deve poder entender o que um robô está pensando naturalmente, lendo a sua linguagem corporal em vez de olhar um código de erros em um manual de instruções. O uso do fator de forma altamente familiar do humano cria um canal natural de comunicação que permite que humanoides possam cooperar com humanos em ambientes caóticos nos quais a tomada de decisão quase instantânea é a norma.

5) Os locais podem potencialmente interagir com robôs humanoides
A guerra está se tornando cada vez menos uma luta convencional em grande escala e mais sobre consciência cultural. No mês passado, o presidente dos EUA, Barack Obama, revelou planos de enviar centenas de “cientistas sociais” junto com soldados para o Iraque para poderem aconselhar os militares sobre costumes locais. Com relação aos robôs sem rosto usados atualmente, um robô humanoide proporciona a oportunidade para um certo tipo de interação humana natural com não-combatentes. Em vez de um veículo terrestre não-tripulado e impessoal destroçando paredes ou um veículo aéreo não-tripulado soltando bombas de longe, robôs humanoides (armados ou não armados) poderiam patrulhar áreas usando vestimentas locais, falando o idioma local e obedecendo a costumes locais. Dá pra ser mais assustador que isso?

Por outro lado, robôs humanos podem ser horrivelmente aterrorizantes
Jogos mentais fazem parte de toda batalha. Durante a Segunda Guerra Mundial, aviadores pintavam dentes rosnando nos narizes dos seus caças. Atualmente (e desde então), bombas vêm com mensagens engraçadas escritas nelas, tipo “Cortesia do Tio Sam” e “Acompanha fritas?”.

Agora imagine a reação do inimigo no Dia D Robótico, quando milhares de robôs humanoides superpoderosos marcharem pelas ruas, balas ricocheteando de maneira inócua de suas armaduras douradas e afiadas enquanto o metal letal ecoa de suas bocas metálicas gradeadas.

Já está aterrorizado? Bom, acalme-se, seu fresco; robôs humanoides não estão nos campos de batalha….ainda. Mas podem vir a estar em breve graças à habilidade natural deles de se comunicarem e cooperarem com humanos, a facilidade com a qual eles podem operar nos nossos ambientes e usar as nossas ferramentas e o terrível medo que floresce no coração do homem ao deitar os olhos sobre o horripilante aspecto da máquina de guerra dos robôs humanoides.

Máquinas de Comportamento Mortal: uma semana explorando a relação às vezes difícil entre homem e tecnologia. O escritor convidado Daniel H. Wilson é PhD em Robótica pela Universidade Carnegie Mellon. Ele é o autor de How to Survive a Robot Uprising e sua sequência How to Build a Robot Army. Para saber mais sobre ele, visite www.danielhwilson.com.

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