Influência humana no aquecimento global gerou onda de calor no oeste da África
Nas últimas semanas, a África Ocidental foi assolada por uma onda de calor letal, com temperaturas subindo para níveis sem precedentes. Este evento climático extremo foi diretamente ligado à mudança climática induzida pelo homem, de acordo com um novo relatório de uma equipe internacional de cientistas.
A onda de calor, que viu as temperaturas no Mali e em Burkina Faso excederem 45ºC, teve efeitos devastadores na população.
O estudo, feito pelo World Weather Attribution e publicado pelo Imperial College London, descobriu que as temperaturas altíssimas durante o período de cinco dias da onda de calor não teriam sido possíveis sem a mudança climática induzida pelo homem.
A queima de combustíveis fósseis e o desmatamento são grandes contribuintes para este fenômeno. O estudo destaca que as temperaturas noturnas excessivamente quentes são particularmente mortais, pois impedem o corpo de esfriar e se recuperar do estresse térmico diurno.
Clima: onda de calor mortal na África
Por das altas temperaturas, hospitais e necrotérios foram sobrecarregados. De acordo com a NPR, relatos apontam que necrotérios cheios estavam recusando corpos.
Na capital do Mali, Bamako, um hospital registrou 102 mortes nos primeiros quatro dias de abril. Esse é quase o número total de mortes registradas durante todo o mês anterior. Mais da metade dessas fatalidades eram indivíduos com mais de 60 anos.
“Embora o Burkina Faso e o Mali sejam países com populações habituadas a altas temperaturas, a duração e a gravidade desta onda de calor dificultaram a sobrevivência das pessoas. Como evidenciado pelo aumento relatado de hospitalizações e mortes”, diz o relatório.
De acordo com o documento, o impacto da onda de calor foi exacerbado por cortes de energia em países como Nigéria e Serra Leoa. Assim, deixando muitos sem acesso a ventiladores ou ar condicionado.
Esta situação foi particularmente grave, pois coincidiu com o Ramadã, um período de jejum para os muçulmanos, que compõem o grupo religioso majoritário na região do Sahel, na África Ocidental.
O documento finaliza apontando que as infraestruturas críticas, como a eletricidade, a água e os sistemas de saúde, precisam de ser reforçadas para “se adaptarem à crescente frequência e intensidade do calor extremo, exigindo um maior investimento para garantir o acesso e a prestação de serviços”.