Ontem, uma tampa de bueiro voou numa rua em Copacabana. No dia anterior, quatro bueiros explodiram no centro do Rio, todos na mesma rua. Ainda esta semana, alguns bueiros apresentavam fumaça ou até chamas. E o problema não é recente: desde o ano passado, bueiros estão explodindo em ruas movimentadas do centro e zona sul do Rio, ferindo pessoas, causando prejuízos e tornando a cidade um campo minado na vida real. O que acontece?
No Rio, quase todos os 5.500 km de cabos que compõem a rede elétrica da cidade ficam no subterrâneo, dividindo espaço com gás encanado, água e cabos telefônicos, sob mais de 15.000 bueiros. A rede elétrica tem mais de 60 anos de idade, mas não recebeu a manutenção necessária. Como Jerson Kellman, presidente da Light (que fornece energia no Rio), explicou à CBN:
O sistema subterrâneo da Light foi instalado nos anos 1950 e 1960, e agora apresenta sinal de velhice. Durante muito tempo não deu problema para os clientes e nem para a empresa, e acabou renegado a segundo plano. Também houve terceirização das equipes técnicas e a Light perdeu o controle da memória técnica.
Então a solução seria uma rede elétrica aérea, com cabos e transformadores nos postes? Não, segundo Duarte: a rede subterrânea dificulta o roubo de energia e é mais segura – você não verá caminhões arrastando cabos ou pipas enroscando em fios, por exemplo. Grandes cidades como Nova York e San Francisco também possuem rede elétrica subterrânea.
É que, além da manutenção, é necessário separar a rede elétrica da rede de gás e água: basta um mapa do subterrâneo da cidade. O problema é que, desde os tempo do Império, ninguém sabe exatamente o que existe no subsolo do Rio. A prefeitura só este ano exigiu o mapeamento subterrâneo da Light e das outras concessionárias (Oi, CEG, Cedae). Por enquanto, a Light vai reformar 4.000 câmaras subterrâneas, e instalar sensores eletrônicos de gás, de água e de presença humana para evitar mais bueiros explodindo. A Light também vai pagar R$100.000 por cada bueiro que explodir e causar danos, seja a patrimônio, seja a pessoas. Se você estiver no Rio, cuidado com o campo minado. [Olhar Virtual/UFRJ e O Globo]
Imagem inicial via @baninbanin