Cometa interestelar 2I/Borisov vazava níquel quando passou por nós em 2020

Estudos sugerem que ele se formou em condições e locais semelhantes aos cometas nativos do sistema solar
Imagem: NASA/Hubble

Segundo um estudo publicado na revista científica Nature, o cometa interestelar 2I/Borisov vazava níquel gasoso enquanto passava pelo sistema solar em janeiro de 2020. A equipe de cientistas liderada por Piotr Guzik, da Universidade Jagiellonian, na Polônia, identificou traços do elemento na coma cometária (nuvem de poeira e gás que circunda o núcleo de um cometa) de 2I/Borisov.

Os pesquisadores perceberam traços de emissões que não eram conhecidos naquela época e resolveram investigar a composição química. “Nosso objetivo era identificá-los e quantificá-los”, explicou Guzik por e-mail. Para isso, eles usaram dados coletados pelo Very Large Telescope, no Chile, que permitiram uma análise espectroscópica do cometa. Essa técnica permite que os cientistas estudem a composição química dos corpos celestes, já que a luz do objeto alvo pode ser dividida por um espectrógrafo, criando um espectro de cores a partir do qual átomos ou moléculas específicas podem ser identificados.

“O níquel é um metal que sublima apenas em altas temperaturas”, explicou Guzik. “Portanto, embora seja relativamente comum no sistema solar e além, não esperávamos encontrá-lo nos gases frios ao redor do núcleo cometário”. Assim, a descoberta levantou uma questão sobre sua origem. 

Em um estudo relacionado, também publicado na Nature, uma equipe de pesquisadores liderada por Jean Manfroid, da Universidade de Liège, na Bélgica, calculou o quanto o ferro e o níquel vazava do núcleo de cometas nativos do sistema solar. Não é muito – apenas um grama por segundo – mas ainda assim é uma quantidade mensurável.

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Juntos, os dois artigos apontam para uma origem cometária comum. Assim, é possível dizer que os cometas nativos e Borisov se formaram em condições e locais semelhantes dentro de seus respectivos sistemas estelares. Isso não é uma surpresa, já que as leis da física são consistentes em todo o universo. Ainda assim, é bom ter essas suspeitas apoiadas por evidências reais. Como esses estudos mostram, agora é possível estudar a composição química de outros sistemas estelares mesmo de longe.

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