Como a tecnologia pode reduzir emissões de poluentes por máquinas agrícolas
Texto publicado originalmente na Agência Bori
Países ao redor do mundo têm determinado diretrizes para padrões de emissões de gases de efeito estufa pelos motores das máquinas agrícolas. Eles tentam resolver uma questão-chave da sustentabilidade ambiental da produção agrícola em larga escala, que ainda utiliza máquinas agrícolas movidas à queima de combustíveis fósseis como o diesel. O levantamento das tecnologias sustentáveis existentes para o setor foi feito a partir de uma revisão narrativa por pesquisadores das universidades federais do Rio Grande do Sul (UFRGS), de Santa Maria (UFSM) e da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) em artigo publicado na revista Ciência Rural na segunda-feira (5).
O estudo chama atenção para o papel do setor agrícola na redução dos Gases de Efeito Estufa (GEE) e, consequentemente, nas mudanças climáticas. Segundo o pesquisador Franco da Silveira, um dos autores do estudo, na América Latina, o Brasil foi pioneiro na regulamentação dessas diretrizes, impulsionando o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis na fabricação das mesmas e tornando o setor agrícola cada vez mais sustentável. Aprovado em 2011, o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores para Máquinas Agrícolas e Rodoviárias-fase I (PROCONVE MAR-I), publicado por meio da resolução nº 433, regulamentou e fixou limites máximos de emissão de poluentes permitidos para cada faixa de potência dos motores das máquinas agrícolas.
Para alcançar os níveis desejados de concentrações de poluentes determinados pelas normas, é necessário utilizar sistemas de controle de emissões de pós-tratamento. Essas estratégias tecnológicas são desenvolvidas pelos fabricantes de máquinas agrícolas para tratar os poluentes resultantes da queima de combustíveis fósseis pelo motor Diesel.
Os principais artifícios aplicados nas máquinas agrícolas em países com altos padrões de emissões incluem a Redução Catalítica Seletiva (Selective Catalytic Reduction – SCR), Recirculação de Gases de Exaustão (Exhaust Gas Recirculation – EGR) e os Filtros de Partículas Diesel (Diesel Particulate Filter – DPF).
Uma quarta alternativa são os combustíveis alternativos, como o biodiesel, o gás natural, o óleo vegetal, o etanol e as misturas de óleo diesel com etanol hidratado, que estão se desenvolvendo com o propósito de reduzir a dependência do petróleo e seus derivados.
“Os combustíveis alternativos ainda não são muito utilizados, pois ainda precisam ser realizadas mais pesquisas sobre o comportamento destes elementos nos motores das máquinas agrícolas e, também, pelo alto custo de fabricação deles em comparação aos combustíveis derivados de petróleo”, explica da Silveira.
Conforme o artigo, os motores de ciclo Diesel contribuem para o aparecimento dos GEE a partir das emissões de poluentes dos gases de escape como: o monóxido de carbono (CO), o hidrocarboneto (HC), o material particulado (MP), os óxidos de nitrogênio (NOx) e o dióxido de enxofre (SO2).
“Estas emissões de gases de escape têm impacto na saúde humana, responsável pelo aumento de incidência e de óbitos por doenças cardiorrespiratórias, neoplásicas e metabólicas em todo o mundo, assim como no meio ambiente, através da poluição do ar, da água e do solo, pelas mudanças climáticas globais”, acrescenta o pesquisador.
A fiscalização no cumprimento da legislação fica por conta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Porém a norma não se aplica em máquinas agrícolas produzidas antes do PROCONVE MAR-I. Por isso, Franco sugere a criação de um sistema para reduzir as emissões de poluentes que possa ser acoplado nestas máquinas.