Já ouviu o ditado “se você olha direto para o abismo, o abismo olha de volta para você”? É exatamente essa a sensação ao olhar o buraco gigante que surgiu na região do Atacama, no Chile, por dentro.
Registros coletados no domingo (7) pela emissora chilena TVN mostram que o buraco de circunferência quase perfeita possui paredes irregulares de pedra e um fundo tão distante que torna impossível ver o que há lá embaixo – um verdadeiro abismo.
O fundo é composto por areia e pedras que seguem se desprendendo das paredes em direção ao solo. O Sernageomin (Serviço Nacional de Geologia e Mineração chileno) disse que a profundidade do buraco diminuiu em pelo menos 2 metros por causa das pedras que se acumulam na superfície. Não há sinal de água lá embaixo.
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O que se sabe até agora
Na terça-feira (9), informações da agência Reuters apontaram que o buraco já dobrou de tamanho: está com 50 metros de diâmetros e pelo menos 200m de profundidade. Assim que foi descoberto, no final de julho, o sumidouro era estimado em 25 metros de diâmetro e 40m de profundidade –o equivalente a um prédio de 20 andares.
Segundo o diretor da Rede Geocientífica do Chile, Cristóbal Muñoz, a forma quase cilíndrica do buraco vem das águas subterrâneas em circulação. “Unido ao terreno com alta erosão do solo, acaba fazendo paredes quase verticais”, disse à TVN.
Na segunda-feira (8), a ministra de mineração chilena, Marcela Hernando, se reuniu com autoridades para buscar explicações para o problema. Segundo ela, as primeiras análises por dentro do buraco do Chile não foram capazes de identificar se houve uma superexploração da mina – uma das principais hipóteses para a abertura.
“Temos que reformular quais são nossos processos de fiscalização”, afirmou a ministra. “E reforçar essa região com mais pessoal, visto que existem tantas jazidas de mineração”.
Moradores de Tierra Amarilla e comunas próximas seguem em protesto contra a exploração da mina de Alcaparosa, local onde está o buraco. A abertura fica a apenas 600 metros de distância de dois povoados e um centro de saúde. A exploração foi suspensa desde a descoberta do sumidouro, em 30 de julho.
Há incerteza sobre as condições de segurança para as comunidades locais. Agora o governo contratou uma empresa especializada em topografia para estudar os riscos na área. O estudo, porém, deve durar pelo menos 30 dias.