Impulsionados por uma ONG dos Estados Unidos, parte dos mineradores que trabalham na Amazônia peruana estão focados em seu reflorestamento. Depois de contribuírem para a destruição da floresta, a população está testando maneiras de fazê-la renascer.
Entenda o projeto
A região de Madre de Dios, onde passa um rio de mesmo nome, é uma parte da Amazônia peruana bastante degradada pela ação do garimpo ilegal. Enquanto os mineradores exploravam o subsolo da floresta em busca de ouro, a vegetação e o solo foram perdendo vida até a paisagem se tornar algo parecido com a superfície lunar – arenosa.
Cidades surgiram ao redor da floresta amazônica peruana, áreas de proteção foram invadidas e forças de segurança lançaram operações que não deram conta de acabar com o garimpo ilegal. No total, mais de 100 mil hectares da Amazônia peruana foram destruídos.
O mercúrio utilizado pelos garimpeiros para separar o ouro de outros resíduos se infiltrou no ecossistema, incluindo os rios. Dessa forma, desencadeou uma epidemia de envenenamento crônico entre os habitantes locais.
Uma nova era na Amazônia peruana
A iniciativa de restaurar a floresta na região de Madre de Dios, no Peru, veio de uma ONG dos Estados Unidos, a Pure Earth. Focada em auxiliar comunidades do Sul Global a remediar problemas ambientais deixados pela mineração, ela implementou o projeto piloto em um pedaço de terra de um minerador legal que estava disposto a mudar o cenário.
“Estamos oferecendo a eles uma recompensa, permitindo que eles remediem seus próprios impactos. Muitos dos garimpeiros não querem destruir a floresta tropical”, afirmou France Cabanillas, da Pure Earth, à NPR.
Primeiramente, os voluntários tiveram de preparar a terra, uma vez que o solo superficial foi levado pela pesada utilização de mangueiras pelos garimpeiros. Para isso, adicionaram biochar e ouros compostos à terra, a fim de recompor o material orgânico, os minerais, carbono e outros nutrientes necessários para a fertilidade do solo.
Além disso, o biochar também pode ajudar a evitar que o mercúrio migre para o lençol freático ou para o ar.
Depois que plantaram novas mudas, os mineradores voluntários também cavaram ao redor dos brotos. O objetivo é evitar que todo esse novo plantio fosse levado posteriormente pela água.
Agora, três anos depois do início do trabalho, essa parte da floresta está se recuperando cheia de novas árvores nativas da Amazônia peruana. Na plantação, é possível ver os nomes populares e científicos de cada espécie.
Reestruturando a mineração
Além do reflorestamento dessa parte da Amazônia peruana, a ONG também está auxiliando os mineradores legais a mudarem suas práticas de trabalho. Em vez de usar mercúrio para separar o ouro de outros materiais, os profissionais agora sabem utilizar uma técnica que inclui uma mesa vibratória que exerce a mesma função.
Apesar de ser um método mais elaborado e caro, é sustentável. Dessa forma, os garimpeiros locais receberam uma certificação de mineração responsável.