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Uma memória ruim te leva a tomar decisões ruins, diz estudo

A importância do estudo, segundo os pesquisadores, é que isso pode fornecer alguns insights para tratar pacientes com Alzheimer.

Crédito: Getty Images

Você alguma vez já fez uma escolha e depois se arrependeu ao lembrar que existia outra opção melhor, mas que você tinha esquecido? Saiba que você não está sozinho e já existe um grupo de pesquisadores tentando entender a ciência por trás disso — ou seja, como a nossa memória (no caso, a falta dela) influencia as nossas decisões.

O estudo foi conduzido por pesquisadores da Haas School of Business da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e do Departamento de Neurologia da UC San Francisco. Publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, o artigo combina conceitos de economia e psicologia com os experimentos relacionados à tomada de decisão e escaneamentos cerebrais.

O primeiro passo do estudo foi analisar como as pessoas escolheriam alimentos como comida de fast-food, frutas, temperos para salada, entre outros. Um dos grupos foi solicitado a listar o máximo de marcas ou itens favoritos que eles pudessem de cada categoria. Já o segundo grupo recebeu uma lista já pronta de opções a partir da qual eles tinham que escolher.

O resultado foi que muitas pessoas se esqueciam de mencionar aquilo que elas mais gostavam e optavam pelos itens mais fáceis de serem lembrados. Por exemplo, na categoria fast-food, 30% das pessoas que tiveram que listar suas preferências citaram o McDonald’s. No entanto, ao receberem a lista de opções pronta, nenhuma delas optou pelo McDonald’s.

Para a próxima fase da pesquisa, os cientistas desenvolveram um modelo matemático que combinou modelos econômicos de tomada de decisão com modelos psicológicos de uso memória. Assim, eles puderam prever com precisão a frequência com que as pessoas deixariam de escolher suas opções preferidas devido às suas memórias imperfeitas.

Por fim, os pesquisadores também escanearam os cérebros dos participantes por meio da ressonância magnética funcional (fMRI) durantes os experimentos. Quando as pessoas tiveram que listar os itens e marcas por conta própria, as imagens mostraram um aumento da atividade nas regiões associadas à memória e uma comunicação aprimorada com as áreas de avaliação — que estão relacionadas à tomada de decisão.

Já no caso das escolhas feitas a partir de uma lista de opções já pronta, a região do cérebro ligada à avaliação acendeu, mas foi observada uma atividade muito menor na área relacionada à memória.

A importância do estudo, segundo os pesquisadores, é que isso pode fornecer alguns insights para tratar pacientes com Alzheimer. Afinal, eles podem se tornar mais vulneráveis quando submetidos a decisões abertas (sem uma lista de opções). Uma solução, portanto, seria desenvolver sistemas de apoio à tomada de decisão para amenizar essas vulnerabilidades.

Outra aplicação do estudo sugerida pelos autores é a formulação de políticas públicas. Uma forma de influenciar as pessoas a escolher itens e alimentos mais sustentáveis, por exemplo, seria expandindo as suas opções e incentivando elas a considerar outras alternativas, já que muitas vezes acabamos optando por aquilo que simplesmente é mais fácil de lembrar.

[Haas School of Business-UC Berkeley]

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