Como o Brasil produzia sua TVs portáteis em 1967
Colocando uma alça, simples assim. Essa é a Tekinho, TV de 13”, em um anúncio da revista Realidade, de 1967. Diz o reclame: "De portátil mesmo, só a caixa, o pêso reduzido e a tela de 13 polegadas. No mais, um grande televisor!" É isso mesmo que você leu: havia uma exclamação no fim da frase. Outras vantagens mencionadas no anúncio? A mamãe pode andar com ela pela casa durante a faxina e o papai pode fugir da novela. Ah, a família ideal dos anos 60.
Eu ia dizer que viajei no tempo para fotografar este anúncio, mas algumas pessoas iriam duvidar. Então, fico com uma versão mais plausível: a editora Abril resolveu reimprimir uma edição da revista Realidade, que surgiu em 1966, e você pode vê-la hoje nas bancas. Eu comprei vários números dela em sebos quando estava na faculdade, basicamente porque foi a melhor coisa já feita pelo jornalismo brasileiro, com textos fantásticos até hoje – fora o excesso de acentos circunflexos. Não suporto eles.
A Abril reimprimiu a revista para mostrar como a situação da mulher no Brasil mudou em meio século. Todas as reportagens desta Realidade são relacionadas à mulher e sua crescente independência, ainda que os anúncios sejam um bocado machistas. Uma pesquisa da época é uma boa radiografia da situação feminina, e inacreditável pra quem nasceu no fim do século passado: 67% das mulheres diziam que a mulher devia casar virgem e 20% não admitiam "ter relações de amizade com pessoas desquitadas." Exatamente. 80% das mulheres achava ok falar com gente que desistiu do casamento. Loucas.
Se os textos são bem interessantes, os anúncios são mais ainda. Vale ver o da Tekinho na íntegra aí embaixo (clique para ampliar). Eu já acho monitores com menos de 20 polegadas pequenos, quanto mais TVs de 13”. Será que estamos ficando cegos?