Como o Egito desligou a internet

Ontem, algo sem precedentes aconteceu: o Egito desligou a internet. Uma nação de 80 milhões de pessoas foi desconectada instantaneamente. Mas como eles fizeram isso? Botão vermelho Não rolou nenhuma alavanca gigante nem um grande botão vermelho, mas na realidade foi quase tão fácil assim: o governo egípcio simplesmente emitiu uma ordem aos provedores para desligarem […]

Ontem, algo sem precedentes aconteceu: o Egito desligou a internet. Uma nação de 80 milhões de pessoas foi desconectada instantaneamente. Mas como eles fizeram isso?

Botão vermelho

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Não rolou nenhuma alavanca gigante nem um grande botão vermelho, mas na realidade foi quase tão fácil assim: o governo egípcio simplesmente emitiu uma ordem aos provedores para desligarem seus serviços.

“Pela legislação egípcia, as autoridades têm o direito de emitir esse tipo de ordem e nós somos obrigados a cumpri-la”, explicou a Vodafone Egypt num comunicado. Além da Vodafone, outros três grandes provedores egípcios – Link Egypt, Telecom Egypt e Etisalat Misr – tiveram que parar seus serviços.

BGPs

A empresa de monitoramento de internet Renesys percebeu os efeitos imediatamente. Cerca de 3.500 protocolos de roteamento dinâmico, ou BGPs – os locais em que as redes se conectam e avisam por quais endereços de IP elas são responsáveis – sumiram de uma hora para a outra:

Às 22h34 no Egito, a Renesys observou a queda virtual simultânea de todas as rotas das redes egípcias na tabela global de roteamento da internet. Aproximadamente 3.500 protocolos de roteamento dinâmico individuais foram derrubados, sem deixar rastros válidos para que o resto do mundo pudesse compartilhar o tráfego da internet com os provedores egípcios. Praticamente todos os endereços de internet do Egito estão incomunicáveis no momento, de qualquer lugar do mundo.

Mas Stéphane Bortzmeyes, especialista em comunicações via IP, supõe que o Egito puxou todos os cabos da internet, literalmente: “os protocolos de roteamento dinâmico são o sintoma, não a causa. Os cabos foram simplesmente puxados”.

Derrubar as rotas dos BGPs (ou simplesmente puxando os cabos) é um caminho muito mais efetivo de bloquear a internet do que, digamos, desligar o DNS, que permite aos usuários usar o DNS de outros países para acessar à internet. Comparado com a Tunísia, onde apenas algumas rotas de BGP foram bloqueadas, ou no Irã, onde as conexões de internet foram simplesmente sufocadas, a desconectada do Egito é um caso bem sério.

Desconectados

Ontem à noite, a Renesys estimava que 93% das redes egípcias estavam inacessíveis, e apenas um provedor, o Noor Group, continuava a servir seus clientes, entre eles a Bolsa de Valores e o Banco Internacional do país. Ainda não se sabe oficialmente por que esse é o único provedor que não foi desligado.

No entanto, informações vindas do Egito sugerem que os cidadãos talvez ainda consigam conexões discadas para acessar a internet, e o LifeHacker tem um passo a passo completo para os camaradas egípcios. Não será uma tarefa rápida, mas tudo indica que para a maioria dos cidadãos do Egito essa seja a única opção. [Renesys, DomainIncite]

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