Como o Mar Mediterrâneo caminha para a “mortalidade maciça”
As ondas de calor na Europa chamaram a atenção no último mês. Além das altas temperaturas, as mudanças climáticas também levaram a incêndios florestais, secas e até mesmo perda de colheitas.
Mas não é apenas com o calor da superfície que preocupa. Um estudo recém publicado na revista científica Global Change Biology chama a atenção para o aumento de temperatura no Mar Mediterrâneo, que coloca em cheque a vida de diversas espécies.
De acordo com os cientistas, foram observadas variações de 3 a 5ºC acima do normal dentro de uma faixa que vai de Barcelona, na Espanha, a Tel Aviv, em Israel. Em alguns dias, a temperatura d’água ficou acima de 30ºC.
A temperatura da superfície do mar no Mediterrâneo aumentou 0,4ºC a cada década entre 1982 e 2018. De acordo com os pesquisadores, as águas mais quentes se concentram em Israel, Chipre, Líbano e Síria.
O Mediterrâneo é casa de 4 a 18% de todas as espécies marinhas conhecidas do mundo. Porém, pelo menos 50 delas – incluindo corais, esponjas e algas marinhas – foram afetadas devido as mudanças climáticas. Nos próximos anos, a perda de biodiversidade deve se estender em direção à Grécia, Espanha e Itália.
Os principais impactos ocorreram entre a superfície e 45 metros de profundidade, onde as ondas de calor marinhas foram consideradas excepcionais. Isso afeta inclusive a população, que tem a alimentação prejudicada devido a queda da oferta de peixe.
Além disso, o oceano trabalhou por muito tempo absorvendo 90% do excesso de calor da Terra, além de captar 30% do dióxido de carbono emitido para a atmosfera pela produção de carvão, petróleo e gás. A mudança climática impede que isso seja feito, contribuindo ainda mais para o aumento das temperaturas.
Agora, os pesquisadores recomendam que 30% das áreas marítimas sejam protegidas de atividades humanas, como a pesca. Assim, as espécies teriam tempo para se recuperar e prosperar. Por enquanto, apenas 8% do Mar Mediterrâneo está demarcado.