Como o videogame foi criado
Neste ano, o videogame faz 40 anos. Aproveitemos a ocasião para ficarmos de cara grudada na TV, o lugar onde tudo começou.
Em 1951, cerca de 12 milhões de televisores existiam no mundo e Ralph Baer, engenheiro de televisão da Loral Electronics, pensava o que ele poderia fazer com suas habilidades extracurriculares com TVs. A empresa estava querendo evoluir a TV do ponto de vista tecnológico, e Baer diss epara seu chefe: não seria bem divertido se a televisão incorporasse um elemento de jogo à experiência? O cara já estava pensando no futuro, mas seus chefes não estavam prontos para a inovação. Foram necessárias mais duas décadas e uma empresa diferente para que a sugestão tomasse forma.
A TV a cores renovou o interesse de Baer na possibilidade de jogar jogos no televisor. Assim, em 1966, agora na empresa Saunders Associates, ele fez um esboço como um jogo de perseguição funcionaria. O resultado é um documento de quatro páginas que Baer considera seu momento Eureka dos videogames.
Usando um chassi de tubo de vácuo e um Gerador de Alinhamento de TV Heathkit CG-62, Baer criou algo que fazia com que as linhas e quadrados se movessem pela tela. Era um protótipo funcional, e finalmente seus chefes ficaram impressionados. Baer recebeu a luz verde e algum dinheiro para trabalhar em sua inovação e transformá-la em algo comercial.
Um mês depois, com uma equipe de pesquisadores no pacote, o grupo desenvolveu uma “arma de luz” que podia atingir os quadrados na televisão. (O primeiro Duck Hunt?) Baer batizou essa segunda tentativa de console de “Pump Unit”, por causa de uma alavanca que ficava ao lado do televisor. Ele tinha circuitos individuais para cronometragem, bem como gerador de cor e pontos. Com a evolução do modelo, os jogos evoluíram juntos: eles passaram de jogos de perseguição e tiro para pingue-pongue e handebol.
Baer criou sete consoles antes de chegar à versão programável que ele batizou com um nome bem bobo: “Brown Box”. (Ele provavelmente a chamaria de Putaconsoleanimalquequebratudoemgráficos se eles soubesse quão multibilionária a indústria dos games viria a ser.) Após oferecê-la a algumas empresas, Baer licenciou a Brown Box para a Magnavox em julho de 1971. Durante um ano de teste de jogos, a Magnavox chamou a unidade de “Skill-o-Vision”, antes de ele chegar ao mercado de verdade, em 1972, como o clássico “Odyssey”. O resultado foi bom, com 100 mil unidades vendidas no primeiro ano, mas não foi exatamente um sucesso enorme. O comum engano de que o Odyssey só funcionava em televisores da Magnavox pode ter diminuído a procura, mas um outro competidor apareceu nesse papo de videogame.
Baer se autointitula o pai dos videogames caseiros, mas foi o pai dos fliperamas que realmente fez a indústria dos games deslanchar. Após ver o jogo de pingue-pongue criado por Baer em uma demonstração em maio de 1972, Nolan Bushnell, fundador da Atari, lançou o Pong no fim do mesmo ano. O jogo foi lançado incialmente como uma máquina operada após o depósito de uma moeda antes de fazer sua transição para as salas. Certamente existiam similaridades entre os dois sistemas, mas a versão de Bushnell tinha controles mais simples e uma bolinha que nunca saía da tela.
Pong foi um hit, e até ajudou a aumentar um pouco as vendas do Odyssey. Mais jogos como ele foram lançados, e apesar de o lucro não ser grande, a Magnavox ganhou muito com diversos processos por violação de patentes. (A própria Atari licenciou a tecnologia da Magnavox em 1976 após perder um processo na Justiça.)
Após isso, a Atari carregou a tocha dos games. A empresa vendeu 30 milhões de consoles em três décadas. O primeiro console a separar o jogo do console foi o Atari 2600 VCS, de 1976, com cartuchos ROM programáveis por meio de software, e uma empresa formada por ex-designers da Atari, chamada Activision (talvez você já tenha ouvido falar) se tornou a primeira empresa a se focar exclusivamente na produção desses games em 1979.
Quarenta anos depois e oito gerações de consoles desde o primeiro design de Baer, a indústria dos games não para de crescer. Ou pelo menos é nisso que acreditam os blogueiros de games, claro.
Imagens: Shutterstock/Berci, Smithsonian