Como a SanDisk enfrentará a falsificação de pen drives no Brasil: abrindo uma fábrica
Se você já andou em qualquer polo de eletrônicos no Brasil, você sem dúvida já se deparou com milhares de ofertas de pen drives, uma mais impressionante que a outra. Modelos de 64GB saem pela bagatela de 40 reais. 128GB parece um sonho para você? Compre agora, por apenas 50 reais. A surpresa negativa acontece em poucos dias, e o pessoal da SanDisk, que é bem afetado pelo mercado negro, explicou hoje como pretende escapar da pirataria que atinge o principal produto da empresa no país. Nada melhor do que uma fábrica em terras brasileiras.
Engana-se quem pensa que a SanDisk só perde quando um pen drive falsificado da empresa é vendido. Como ela é dona da patente dos flash drives e dos cartões de memória, se o mercado negro de pen drives da Kingston estiver borbulhando, a SanDisk deixa de ganhar os royalties. E os pen drives da própria empresa representam entre 60% e 70% das vendas – valor bem acima de outros países, que tem um mercado mais equilibrado com os microSDs.
Beto Santos, country manager da SanDisk no Brasil, revelou que o mercado de pen drives hoje é composto de 60% de aparelhos originais e 40% de versões pirateadas. Dentro desses 40%, há dois tipos de pirataria. A primeira é bem simples: o vendedor adquire pen drives originais (seja comprando diretamente de um revendedor, seja por contrabando) e modifica a embalagem, transformando magicamente um pen drive de 2GB num aparelho de 128GB, ou modelos de 4GB que instantaneamente ganham mais 60GB. A malandragem não é só na embalagem, mas também em como o computador reconhece o drive – ele realmente indica o espaço interno prometido, mas na hora de copiar os arquivos…
A Kingston também sofre – e muito – desse mal, e o pessoal do Superdownloads registrou uma imagem que mostra bem o problema:
O segundo tipo de pirataria é feito por aquele vendedor que realmente monta o pen drive numa fábrica caseira, imprime a embalagem e começa as vendas. Aqui, o problema é o uso de silício de segunda; normalmente as bordas do silício que a SanDisk e outras empresas utilizam. Como os computadores têm alta tolerância a qualquer porcaria plugada na porta USB, o usuário só percebe que adquiriu algo falsificado quando ele para de funcionar – isso pode demorar meses, semanas, dias ou até horas. A ausência de números de série também complica o controle das empresas.
Ou seja, quase 70% das vendas da SanDisk no Brasil são pen drives, mas quase metade desse mercado é composto de falsificações e contrabandos. Qual seria a solução? Além de tentar criar um “processo de educação do consumidor”, como disse Santos, a SanDisk prepara uma fábrica no Brasil em 2011. Sem detalhes mais concretos, Santos explicou que aí sim será possível controlar o que é vendido nas ruas, já que os aparelhos poderão ter detalhes próprios da fabricação nacional. Enquanto a fábrica não sai do papel, a regra da desconfiança é a melhor solução na hora de comprar um pen drive fora do varejo oficial: desconfie dos preços excessivamente baixos.
MicroSD nas alturas (e SSDs também)
Apesar de os pen drives dominarem as vendas da SanDisk, a empresa quer expandir de vez o mercado de cartões de memória no Brasil, pegando onda no tal crescimento econômico. Com mais dinheiro no bolso e celulares mais bacanas nas prateleiras, o uso de cartões de memória em smartphones aumentou, e hoje já é praticamente obrigatório. Por isso, a empresa anunciou a chegada de seu microSD de 32GB no mercado nacional – em outubro, por 499 reais.
Para a sorte da SanDisk, a falsificação de cartões de memória não é um problema tão sério – diferente dos computadores, os smartphones são muito enjoados e não aceitam versões alternativas. A dificuldade nesse caso é conseguir parcerias com operadoras e fabricantes para a venda conjunta dos cartões com os celulares. Segundo Luiz Sales, gerente de vendas da empresa, as fabricantes de celulares querem baratear ao máximo o custo do aparelho – eliminar o cartão de memória é o primeiro passo – e as operadoras querem agregar mais aos celulares, para deixá-los mais “atraentes” (leia-se caros), criando um braço de ferro infinito. Mas, segundo Sales, o cenário deve mudar. A Telefónica já vende cartões de memória atrelados aos aparelhos na Europa e deverá trazer o modelo à Vivo a partir do momento que tiver o controle total da empresa.
Enquanto esperamos o futuro próximo dos microSDs, há outro mercado futurista que em breve desembarcará por aqui: a SanDisk confirmou que os solid state drives, os SSDs, devem chegar ao Brasil em 2011. Não há previsão exata, sequer uma estimativa de preço, mas não custa sonhar com um SSD nacional saindo direto do futuro forno da SanDisk. Sobre a tecnologia, a empresa é direta: “nós já eliminamos o filme fotográfico com os cartões de memória, matamos o disquete com o pen drive e, agora, tornaremos o HD obsoleto”. É esperar para ver.
Crédito da imagem: blitzmaerker