Como vimos há algum tempo, touchscreens na horizontal não deslancharam porque é cansativo usá-las constantemente, deixando seu braço sempre levantado – é um dos motivos para PCs com toque não fazerem sucesso. Outros motivos: eles usam um OS com programas não pensados para toque; e dispositivos portáteis, como laptops conversíveis que “viram tablet”, são muito pesados. Este conceito do MacBook Touch resolve algum desses problemas? Pelo visto, não.
Este conceito – não criado pela Apple – lembra bastante o Lenovo Yoga, apresentado na CES em janeiro: o laptop com Windows 8 se dobra e vira um tablet de 13,3″ com 1,4kg. Isso deve ser muito pesado para segurar com as mãos por algum tempo. Mesmo o MacBook Air mais leve, que para mim seria candidato a virar Touch, pesa 1,08kg. Enquanto isso, o novo iPad pesa até 662g (outros pesam menos). A Apple poderia diminuir o peso retirando componentes e reduzindo a tela, mas assim o OS X ficaria utilizável? Eles basicamente estariam criando um netbook, e você sabe como a Apple é contra netbooks.
OK, mas você pode apoiá-lo no colo, por exemplo. Aí há outro problema: o teclado fica virado para baixo, em contato com o colo – ou com a mesa, caso você o use em modo “stand”. O Lenovo Yoga interrompe a atividade do teclado e touchpad, então há uma solução para não ativá-los por acidente. Só que deixá-lo no colo ou na mesa pode arranhar a superfície, ou até mesmo quebrar teclas ou o touchpad. Girar a tela em 360° talvez resolvesse isso, como nos feiosos HP EliteBook 2760p e Lenovo ThinkPad X220t.
Mas uma tela giratória teria apenas um ponto de apoio. Se ela estiver em pé, como ficaria firme enquanto você a toca? A articulação da touchscreen precisa ser flexível o bastante, para não dificultar a abertura e fechamento da tela. Ao mesmo tempo, ela precisa de certa rigidez: assim a tela fica imóvel enquanto você a toca. Este parece ser um problema do Lenovo Yoga: em vídeo, a tela treme enquanto está levantada e sendo usada como touchscreen. Outra ideia seria imitar o Dell Inspiron Duo, cuja tela gira, mas a borda permanece fixa. O conceito acima parece usar outro material como articulação – mas precisa de muita mágica para isso dar certo.
E mesmo que o OS X se adapte, os programas para ele não foram pensados para toque: os elementos de interface são grandes o bastante para o cursor do mouse, não para seus dedos. A Apple poderia trazer apps do iPad ao MacBook Touch, mas eles ficariam estranhos numa tela 16:9 – e duvido que alguém iria querer um MacBook 4:3. No Windows 8, temos problema semelhante: apps para desktop não pensados para toque, e apps Metro simples demais para um PC.
A próxima geração de MacBooks deve investir mais no toque, porém não na tela: queremos ver todo o apoio para as mãos virar um touchpad sensível a múltiplos toques. Uma superfície 100% trackpad marcaria a aproximação que vemos entre OS X e iOS, e a Apple tem a tecnologia para tornar isto realidade. Mas esse conceito aí? Passo. [YouTube via Gizmodo US]