Construção de turbinas eólicas no Brasil ameaça onças de extinção
A energia eólica possui muitos benefícios e é entendida como uma alternativa para mudar a matriz energética do Brasil para uma opção mais sustentável. Mas engana-se quem pensa que a instalação das turbinas não gera impactos ambientais severos. Acompanhe!
Os animais que mais têm sofrido com a ampliação dos parques eólicos são as onças-pintadas e pardas. Um exemplo disso são os animais que vivem na região do Boqueirão da Onça, no Norte da Bahia.
Lá, quatro complexos eólicos estão em funcionamento, um deles com 500 torres. Por isso, onças passam a percorrer maiores distâncias em busca de água e alimento, o que as leva a se aproximar de propriedades rurais.
A região Nordeste concentra 90% dos empreendimentos eólicos no Brasil e 85% deles estão na Caatinga. Isso tem gerado conflitos entre fazendeiros e os animais.
Em busca do alimento, as onças acabam matando os animais dos proprietários locais. Para defender os bichos e seu ganha-pão, os fazendeiros matam as onças.
Ameaça de extinção das onças
Com 250 espécimes, a onça-pintada está na lista das espécies “criticamente ameaçadas de extinção” na Caatinga. Já a parda é classificada como “em perigo de extinção” nesse bioma, com 2,5 mil habitantes.
“Quando um filhote de onça nasce, durante um ano e meio a dois anos, a mãe irá ensinar tudo o que ele precisa saber para sobreviver. Na Caatinga, além de como caçar e se proteger, ela também mostrará onde estão os principais pontos de água”, explicou ao portal UOL Carolina Esteves, cofundadora da ONG Amigos da Onça.
“É importante deixar claro que a proposta da geração de energia é extremamente pertinente e importante, mas o que precisa avançar na mesma velocidade é o entendimento do impacto desses empreendimentos em regiões conservadas”, completa a estudiosa.
Desmatamento também é problema
O desmatamento e a erosão do solo que são outros fatores de extrema preocupação durante a construção de um parque eólico. Em algumas atividades como escavação, fundação e construção de estradas, podem afetar o bio-sistema local.
A remoção das plantas de superfície expõe a superfície do solo a fortes ventos e chuvas, resultando em erosão do solo. “As construções com maquinaria pesada podem perturbar o equilíbrio ecológico local, e recuperação do meio ambiente local por um longo tempo”, disse um artigo de pesquisadores da Universidade do Vale do Paraíba.