Cultura

Consultor indígena critica perspectiva dos brancos em “Assassinos da Lua das Flores”

Christopher Cote participou do projeto do filme e apontou algumas falhas na relação entre personagens. Confira!
Imagem: Apple TV+/Divulgação

O consultor linguístico indígena osage Christopher Cote criticou a romantização de “Assassinos da Lua das Flores”, de Martin Scorsese. O filme mostra a perseguição que o povo originário osage sofreu ao descobrir petróleo em suas terras por parte dos brancos norte-americanos.

Na estreia do longa em Los Angeles na última segunda-feira (16), Christopher Cote disse ao The Hollywood Reporter que a história poderia ter partido da perspectiva de Mollie Kyle. Este é a personagem indígena vivida por Lily Gladstone.

“Como osage, eu realmente queria que isso fosse da perspectiva de Mollie e do que sua família vivenciou, mas acho que seria necessário um osage para fazer isso”, disse ele.

O consultor ajudou no filme e teve a compreensão de apontar que Scorsese, como um homem branco, talvez não teve a sensibilidade que um indígena teria para retratar a história — principalmente em relação ao personagem de Leonardo DiCaprio, Ernest Burkhart.

“Acho que ele [Scorsese] fez um ótimo trabalho representando nosso povo, mas essa história está sendo contada quase da perspectiva de Ernest Burkhart. E eles, gentilmente, dão a ele essa consciência e retratam que existe amor. Mas quando alguém conspira para assassinar toda a sua família, isso não é amor. Isso não é amor, está além do abuso”, comentou.

Vídeo mostra encontro de Scorsese

Na segunda-feira (16), a Paramount divulgou um vídeo em que o diretor Martin Scorsese conversa com o líder indígena osage Geoffrey Standing Bear, que aprovou a produção.

“Eu estava preocupado com alguém contando a nossa história. Mas, quando você chegou, você disse ‘vamos filmar aqui’”, disse Bear.

Já Christopher Cote ainda disse que “Assassinos da Lua das Flores” ainda pode cutucar países que foram construídos no racismo contra indígenas a se questionarem.

No final, a questão que resta é: por quanto tempo você será complacente com o racismo? Por quanto tempo você concordará com algo e não dirá nada, não falará, por quanto tempo será complacente? Acho que é porque este filme não foi feito para o público osage, foi feito para todos. Para aqueles que foram privados de direitos, eles podem se identificar, mas para outros países que têm seus atos e sua história de opressão, esta é uma oportunidade para eles se perguntarem essa questão de moralidade”.

“Assassinos da Lua das Flores” estreia amanhã nos cinemas brasileiros. O Giz Brasil já assistiu e te conta aqui o que esperar do filme de Martin Scorsese.

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Pedro Ezequiel

Pedro Ezequiel

Pedro Ezequiel é jornalista pela ECA - USP. Passou pela Rádio USP, Jornal da USP, UOL e DOC Films. Não dispensa café e podcast. É fã de "Moleque Atrevido" do Jorge Aragão.

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