Copa do Mundo: confira os maiores vexames das seleções gigantes
A Copa do Mundo de 2022 no Catar vai começar neste domingo (20/11) com a partida entre a seleção da casa e o Equador. Nenhuma delas é cotada para ser campeã.
Os favoritos são os suspeitos de sempre, os gigantes que ganham Copas: Alemanha, Argentina, Brasil, Espanha, França, Inglaterra e Uruguai – a Itália está fora, assim como em 2018. Só que todos esses países papões já amargaram vergonhas nos mundiais do passado.
Vergonha não se limita a um resultado muito negativo. Às vezes, uma atitude repreensível pode ser um vexame de ficar para a história. Vejamos alguns:
1- Alemanha
Fazer a saudação nazista no hino e perder de 4 a 2 da Suíça em 1938 não é uma memória agradável para os alemães.
Tampouco perder de 8 a 3 para a Hungria na 1ª fase de 1954 – o consolo é ter chegado à final contra o mesmo adversário e vencer de virada por 3 a 2.
Perder em casa, como Alemanha Ocidental, para a Alemanha Oriental por 1 a 0 em 1974 durante a Guerra Fria tampouco desceu bem – apesar de o título ter vindo dias depois.
A eliminação da campeã de 2014 na 1ª fase em 2018 com uma derrota de 2 a 0 para a Coreia do Sul também doeu e ainda dói.
Mas os maiores momentos abomináveis da Alemanha foram na Copa de 1982. Primeiro, uma inesperada derrota para a Argélia por 2 a 1, muito creditada à soberba.
Depois, o pior momento ético das Copas. A Alemanha Ocidental venceu a Áustria por 1 a 0 com um gol aos 9 minutos. Era o único resultado que classificava os dois países germânicos e eliminava a heroica Argélia.
Alemães e austríacos passaram 81 minutos tocando a bola de ladinho no que ficou para a história como “A Vergonha de Gijón”, cidade espanhola onde a partida aconteceu.
Por fim, na semifinal contra a França, que acabou 3 a 3 e foi decidida nos pênaltis, o goleiro Schumacher saiu voando da área para acertar o corpo de Battiston, que avançava livre. Battiston desmaiou, perdeu dentes e teve sequelas que afetaram sua carreira.
O juiz não deu falta nem um cartãozinho para o goleiro e marcou tiro de meta para a Alemanha. E Schumacher pôde disputar os pênaltis e fazer uma defesa importante.
2- Argentina
Na história do futebol argentino, há um episódio que os hermanos detestam relembrar: “O Desastre da Suécia”. Os argentinos se recusaram a disputar Copas ou eliminatórias de 1938 a 1954, achando que tinham o melhor futebol do mundo e não precisavam disso. Um amistoso ou outro bastava. Em 1958, dignaram o mundial na Suécia com sua presença.
Sem intercâmbio com outras seleções europeias que avançavam taticamente, a Argentina viajou confiante que seu talento criollo bastava para trazer a taça. Levou uma equipe com preparo físico pífio que tinha vaga até para o veteraníssimo Labruna, craque de primeira, mas às vésperas de fazer 40 anos.
Tudo deu errado de cara. Sem uniformes reservas, a Argentina teve de usar camisas amarelas do clube IFK Malmö na estreia contra a Alemanha Ocidental e perdeu de 3 a 1. Venceu a Irlanda do Norte e chegou à última partida do grupo com chance de classificação. Tomou um vareio de 6 a 1 da Tchecoslováquia que deixou claro o quanto a albiceleste estava atrasada em tudo.
Os jogadores foram recebidos no aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, com uma chuva de moedas de torcedores revoltados. E, para piorar, o Brasil ganhou aquela Copa.
3- Espanha
Pelo placar, a derrota de 6 a 1 para o Brasil no Maracanã, pelo quadrangular final da Copa de 1950, seria a maior humilhação dos ibéricos. Mas aquela Seleção Brasileira era tão irresistível que até dá para entender.
Mais melancólica foi a estreia na Copa de 2014, de novo no Brasil. A Espanha ostentava seu escudinho da FIFA de campeã do mundo de 2010. E o sorteio fez com que ela enfrentasse justamente o país que derrotou na final de quatro anos antes, a Holanda.
De virada, a Holanda impôs um 5 a 1 que teve desde a cabeçada acrobática de Van Persie até o goleiro espanhol Casillas correndo em desespero e sendo driblado num dos gols do time de laranja. Uma das piores defesas de título da história, com eliminação garantida por outra derrota na rodada seguinte, 2 a 0 para o Chile.
4- França
Ficar de fora das Copas de 1990 e 1994, depois de duas semifinais em 1982 e 1986, abalou os franceses, mas ajudou a montar o time campeão de 1998. As maiores humilhações vieram depois desse primeiro título.
Em 2002, como super favorita campeã mundial e europeia, a França perdeu no jogo inaugural para o estreante Senegal, ficou no zero com o Uruguai e perdeu de novo para a Dinamarca por 2 a 0. Eliminada com nenhum gol marcado.
Para 2010, vinda do vice na Copa de 2006, o vexame começou no último jogo das eliminatórias, num empate de 1-1 com a Irlanda em Henry descaradamente conduziu a bola com a mão na jogada do gol de Gallas.
Na África do Sul, a França se autodestruiu. O grupo entrou em guerra com o técnico Raymond Domenech antes mesmo da estreia. Patrice Evra teve de ser apartado para não agredir o treinador na véspera da estreia (0 a 0 com o Uruguai).
A seguir, Anelka bateu boca com Domenech no intervalo da derrota de 2 a 0 para o México e foi expulso da seleção. No dia seguinte, os jogadores se recusaram a treinar. Só voltaram aos trabalhos depois de divulgar uma carta de protesto em solidariedade a Anelka.
Com tal clima pesado, uma partida com chances de classificação acabou em derrota de 2 a 1 para a África do Sul – resultado que eliminou os dois países na 1ª fase.
5- Inglaterra
O jogo que é geralmente considerado “A Maior Zebra de Todas as Copas” é a derrota da Inglaterra para um amontoado de amadores dos Estados Unidos por 1 a 0 na Copa de 1950.
Como inventora do futebol, a Inglaterra passou anos esnobando a Copa do Mundo até finalmente topar participar em 1950. E seguiu altiva já em território brasileiro, abrindo mão de usar seu maior craque Stanley Matthews nos dois primeiros jogos. O segundo era justamente esse contra os americanos no Estádio Independência, em Belo Horizonte..
Num lance isolado, o haitiano-americano Joe Gaetjens marcou para os EUA aos 38 do 1º tempo. E toda a pressão inglesa pelo resto do jogo deu em nada.
Diz a lenda que um jornal britânico achou que o telex dizendo “Inglaterra 0-1 EUA” era um erro de digitação e, por conta própria, “corrigiu” e publicou o resultado “Inglaterra 10-1 EUA”, de tão inacreditável que era o resultado.
O herói Gaetjens voltaria para para seu Haiti natal e provavelmente foi morto pela ditadura de Papa Doc Duvalier em 1964. Ele simplesmente desapareceu e nunca mais foi visto.
Hollywood até fez um filme sobre a façanha em 2005: “Duelo de Campeões” (“The Game of Their Lives”).
6- Itália
Sim, a Itália não estará no Catar. E os três fracassos nas eliminatórias (1958, 2018 e 2022) são marcas constrangedoras na história do calcio. Mas, em jogos de Copa, os italianos ostentam um candidato a “segunda maior zebra das Copas”: a derrota de 1 a 0 para a Coreia do Norte em 1966.
A Coreia do Norte já era um país fechado para o mundo na década de 1960, talvez até mais que hoje. Quase foi para a Copa sem jogar uma única partida.
A Fifa reservou uma vaga fixa para Ásia, Oceania e África juntas. Os países africanos boicotaram, além de a África do Sul ter sido eliminada pela Fifa por causa do apartheid. A Coreia do Sul se recusou a enfrentar os vizinhos do norte. Só a Austrália topou entrar em campo e disputou duas partidas em Phnom Penh, no Cambodia. Duas vitórias norte-coreanas.
No mundial na Inglaterra, o estilo norte-coreano poderia ser definido como “correria, correria e correria” com seus jogadores minúsculos. Perderam na estreia para a União Soviética, mas empataram com o Chile.
Em Middlesbrough, a Itália entrou em campo sem maiores preocupações para garantir vaga no grupo. Pelo menos até Pak Doo-Ik fazer o gol do jogo aos 42 do 1º tempo.
O desespero e a afobação dos italianos facilitou com que a Coreia do Norte garantisse o resultado e a inacreditável classificação para o mata-mata. Nas quartas-de-final contra Portugal, em Liverpool, os norte-coreanos chegaram a fazer 3 a 0 em 25 minutos, mas perderam de virada por 5 a 3 com quatro gols de Eusébio.
Quanto aos humilhados, a Squadra Azzurra foi recebida pela torcida italiana no aeroporto com uma chuva de tomates — provavelmente podres.
7- Uruguai
Primeiro campeão mundial, o Uruguai tem um peso enorme no futebol mundial, mesmo que por muito tempo seus times não tenham sido tão competitivos. E foi numa dessas fases de baixa que a Celeste Olímpica foi motonivelada por 6 a 1 pela Dinamarca na Copa de 1986, no México.
Apelidada de “Dinamáquina” pelo seu esquema que lembrava um pouco a “Laranja Mecânica” da Holanda em 1974, a equipe escandinava teve a seu favor uma expulsão de um uruguaio para abrir as porteiras. Mas o baile que se viu em campo deixou claro que a Dinamarca triunfaria, mesmo num onze contra onze.
8- Brasil
Não, não esquecemos. Só deixamos para o fim.
Mineirão, 2014. Pentacampeão mundial. Numa semifinal. Em casa. Vítima de um massacre sem precedentes nesta fase de uma Copa. Diante da Alemanha, a futura campeã que passou aperto antes contra a Argélia e depois contra a Argentina na final. Maior derrota da história da Seleção Brasileira.
Não há muito mais a acrescentar.