A safra atual de soja e de milho (2023/2024) será a pior dos últimos 25 anos, segundo o CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). E o motivo está claro: a crise climática.
A informação foi apresentada em coletiva de imprensa da Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja) e da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho). Segundo dados, os produtores terão o pior prejuízo financeiro devido aos eventos climáticos extremos que aconteceram nos últimos meses nas áreas do cerrado.
Dessa forma, mesmo com boa produtividade em algumas regiões, como Sorriso, no Mato Grosso, o preço das sacas não será suficiente para cobrir os gastos que o setor teve com as plantações durante as secas, as ondas de calor e as enchentes.
E, ao que tudo indica, os prejuízos da crise climática serão sentidos a longo prazo. Um estudo recente publicado na revista científica Agriculture, Ecosystems & Environment prevê que o aumento das temperaturas médias na região do cerrado resultará em queda da produção de grãos até 2070.
Além disso, a pesquisa identifica que a agricultura será parte de um ciclo vicioso. Nele, as plantações são afetadas pela crise climática, mas também reforçam a emissão de gases que alimentam o problema.
Isso porque, frente às alterações no solo, o cenário de produção agrícola terá uma emissão maior de óxido nitroso, gás que acentua o efeito estufa.
Desmatamento no cerrado
Presente em 11 estados brasileiros, além do Distrito Federal e de extensões que se misturam a outros biomas, o cerrado enfrenta altos índices de desmatamento. Parte dele tem como objetivo “limpar” pedaços de terra para transformar em áreas de cultivo.
Contudo, o processo gera emissões de gases de efeito estufa, além de prejudicar o solo, o que se reverte contra a própria atividade agrícola.
De acordo com dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), enquanto a taxa de desmatamento na Amazônia em março caiu 54% em comparação com o mesmo período no ano passado, a degradação do cerrado aumentou em 24%.
No total, a área do bioma que foi desmatada nos primeiros três meses de 2024 somam mais de 1.475 quilômetros quadrados. Esse é quase o tamanho da cidade de São Paulo.