Cultura

Mídia: 20 anos depois, ainda precisamos de um “Por que Waldemar?”

Produção no Star+ ressuscita antigo meme envolvendo lendário ex-técnico do Flamengo. Eis a questão: o documentário se justifica?
Imagem: Star+/Reprodução

A ESPN está anunciando há algum tempo uma série sobre o infame episódio do “Waldemar é o c****ho”. Para quem não conhece, melhor procurar no YouTube por “Flamengo anuncia Waldemar”.

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Em suma: Flamengo em baixa (2003), diretor vai anunciar o técnico novo e surpreende todo mundo. “O novo técnico do Flamengo é o senhor Waldemar”. Assim, sem sobrenome, senhor Waldemar. Não era um desconhecido, diga-se, embora fosse mais conhecido por ser irmão do técnico que acabava de ser demitido (Oswaldo de Oliveira).

A torcida, porém, esperava alguém mais famoso, e um gaiato ao fundo solta um “Quem? Waldemar? Waldemar é o c*****ho!”. Virou meme antes de existirem memes, obviamente.

Pois bem: Waldemar seguiu sua carreira, passou por diversos times com razoável sucesso, especialmente no Náutico, embora nunca tenha sido campeão nem se firmado como técnico de ponta. Seu último trabalho citado na Wikipedia foi em 2019.

Sobre o incidente, tudo o que havia para ser dito, já foi dito. Waldemar foi desrespeitado pela diretoria amadora que o contratava, a única culpada pelo incidente, mas isso passou. Há 20 anos.

Waldemar, 20 anos depois

Aí, 20 anos depois, alguém resolve fazer uma série sobre o assunto. O que justifica? Há fatos novos? Há algum interesse pelo Flamengo de 2003 que justifique? Não, não há nada disso. Há o meme, e o meme hoje é tudo.

Mesmo que para que se use o meme para chegar à audiência seja necessário relembrar ao país inteiro uma humilhação desnecessária de um profissional e de um ser humano que só queria estar quieto em seu canto.

Eu podia ficar mais 5 parágrafos dizendo o quanto a cobertura do canal na final da Libertadores foi amadora e queimou os excelentes profissionais da casa em uma programação bizarra, mas não vou.

Eu não tenho assistido esportes como eu assistia, então pode ser que tenha sido uma tentativa que deu errado e todo mundo tem direito de errar e ver seus erros esquecidos.

Menos, pelo jeito, Waldemar Lemos. Que nem errou, mas foi humilhado em rede nacional de televisão pelo erro dos outros. Mas não tem o direito de ver esse ridículo episódio esquecido.

Caio Maia

Caio Maia

Caio Maia é o publisher da F451 e do GizBr. Escreve a cada duas semanas sobre mídia, e quando os editores deixam escreve sobre outras coisas também. Passou pela Folha e depois fez Trivela, revistas ESPN e Sustenta! e uma lista longa de blogs, sites e podcasts.

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